Mais de 2,3 milhões de adolescentes dos anos finais do ensino fundamental participaram da Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, iniciativa inédita do Ministério da Educação (MEC). As respostas já estão ajudando a construir o Programa Escola das Adolescências, uma política pública voltada especificamente para essa etapa.
Os resultados foram apresentados em Brasília, no seminário “Transições, trajetórias escolares e a garantia do direito à aprendizagem”, realizado no Conselho Nacional de Educação. Para Stael Borges Campos, consultora do MEC, o recado dos jovens é claro: “A escola das adolescências nasce com uma proposta clara: ser uma escola dos adolescentes e para os adolescentes”.
A pesquisa revelou diferenças entre os mais novos e os mais velhos. Entre os alunos do 6º e 7º anos, 67% acreditam que a escola apoia seu desenvolvimento intelectual e pessoal. Já entre os do 8º e 9º anos, esse índice cai para 59%.
Outro ponto chamou atenção: apesar de 80% dizerem que têm boas amizades na escola, só metade dos adolescentes relatou sentir-se realmente acolhida. A relação com os professores também preocupa: apenas 26% dos alunos mais velhos concordam que os colegas respeitam e valorizam os docentes.
Embora Português, Matemática e Ciências sigam no topo das prioridades, os adolescentes também pedem espaço para outros temas. Cerca de 30% mencionaram saúde mental, esportes, autoconhecimento e bem-estar. Já em escolas com maior presença de estudantes negros, o desejo de discutir direitos e combate à discriminação chegou a 22%.
Além disso, 42% dos participantes destacaram a necessidade de ações contra bullying, racismo e violência.
O MEC pretende transformar as contribuições em políticas concretas. “A escola pode ser construída com a participação ativa dos adolescentes”, afirma Tatiana Klix, diretora do Porvir, parceiro técnico da iniciativa.
Com informações do PORVIR, com adaptações.
Confira o Seminário Nacional dos Anos Finais: Transições, Trajetórias e o Direito à Aprendizagem.