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Histórico & Contextualização

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HISTÓRICO:

A Pós-Graduação na Escola de Agronomia, então unidade de ensino da Universidade Federal da Bahia (UFBA), teve início em agosto de 1979, com a criação do Mestrado em Ciências Agrárias com apenas uma área de concentração: Fitotecnia. Este primeiro curso de PG foi resultado de um acordo firmado entre a Universidade Federal da Bahia, o Centro Nacional de Mandioca e Fruticultura CNPMF/EMBRAPA e a Fundação Rockfeller. A modernização da agropecuária na Bahia com todos os consequentes desafios forçou a evolução do referido Programa, estimulando a qualificação do corpo docente. O Programa procurou igualmente sintonizar-se com as políticas de Ciência e Tecnologia dos Governos Estadual e Federal, em face do maior desenvolvimento regional e maior aporte de recursos para pesquisa.

Em 2006, com a criação e implantação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a partir do núcleo da Escola de Agronomia da UFBA, todos os docentes, estudantes, funcionários e a infraestrutura foram transferidos para a UFRB. Nesse processo, o Programa de Pós-Graduação foi então vinculado ao Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB-UFRB), no Campus de Cruz das Almas.

Com o processo de crescimento da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, tanto em número de cursos quanto no número de Docentes Doutores, novos programas de Pós-Graduação foram criados, seja via reformulação, seja via proposição de APCN’s.

A partir do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias (PPGCA) e de acordo com as recomendações da CAPES e de consultores externos, foram criados os seguintes Programas de Pós-Graduação na UFRB: Ciência Animal; Solos e Qualidade de Ecossistemas; Recursos Genéticos Vegetais e Microbiologia Agrícola, todos esses oferecendo apenas o nível de Mestrado. A última etapa dessa “nucleação planejada” foi a criação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (PPGEA).

Para a criação do PPGEA, sem impacto negativo no Programa de origem, foram conduzidos inúmeros eventos coordenados pelos docentes interessados e com o incentivo e apoio do Colegiado, do CCAAB-UFRB e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Alguns desses eventos remontam 2005. Portanto, o planejamento da criação do PPGEA foi um processo parcimonioso e racional, no qual em várias oportunidades de interação, inclusive com experiências internacionais de Programas de Pós-Graduação e projetos de pesquisa, reportava-se ao Programa de origem (PPGCA) os avanços e preocupações do grupo.

Como resultado da mobilização descrita anteriormente, e com efetivo incentivo do CCAAB e da PRPPG, foram realizados os eventos: Seminário de Atualização em Ciências Agrárias (dezembro de 2010) e Reunião Sulamericana para Manejo da Irrigação em Regiões Áridas e Semiáridas (abril de 2011). Nesses eventos e em outros encontros aproveitou-se a participação de autoridades externas (USP, UFV, UFLA, UFC, UFRPE) com experiências em capacitação de recursos humanos em nível de mestrado e doutorado na área de agricultura irrigada e recursos hídricos. Essas oportunidades contribuíram para a concepção e amadurecimento da proposta que seria apresentada à CAPES no APCN 7411 de 2011. Outro aspecto decisivo para a concepção da proposta foi a participação do Dr. Hans Raj Gheyi, cujos objetivos do plano de trabalho, aprovado em edital para fixação de Prof. Visitante Sênior (CAPES), contemplavam a criação de um PPG em Engenharia Agrícola na UFRB.

Assim, em 2011, os docentes do Núcleo de Engenharia Agrícola do CCAAB/UFRB, juntos com pesquisadores da Embrapa, iniciaram as discussões finais e a formatação da proposta de criação do PPGEA a partir da contextualização de sua importância no âmbito das pesquisas desenvolvidas nas referidas instituições, considerando, principalmente, os aspectos locais e regionais de atuação e a importância do conhecimento e experiências acadêmicas já consolidadas. Essa parceria interinstitucional está garantida por um convênio de cooperação.

Após o reconhecimento de seu mérito pelo Colegiado do Programa de origem, a proposta de nucleação foi deferida pela Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRB em 2011. Assim, a proposta APCN em Engenharia Agrícola (PPGEA, Mestrado e Doutorado) foi submetida à CAPES em meados de 2011, recebendo a aprovação em maio de 2012. Com isso, o início das atividades efetivas do PPGEA ocorreu no segundo semestre do mesmo ano (agosto de 2012), oferecendo os cursos de Mestrado e Doutorado, com Conceito 4. O PPGEA foi homologado pelo CNE na Portaria MEC 1324, de 08/11/2012, publicada no diário oficial da União em 09/11/2012, seç 1, p. 8.             

CONTEXTUALIZAÇÃO:

A UFRB é uma universidade nova, criada em 2006, mas que tem como capital diferencial a herança da Escola de Agronomia da UFBA, instituição da qual se emancipou. A experiência de seus docentes e demais servidores permitem à UFRB o compromisso de expandir seu campo de ação para além do Recôncavo da Bahia. De fato, muitos dos discentes da Graduação e Pós-Graduação são oriundos de outras regiões da Bahia e de outros Estados. A pluralidade da massa crítica da UFRB tem sido salutar e tem permitido a reafirmação da relevância dos temas pesquisados, mas também a identificação de novos objetos de estudo, nas mais distintas áreas de conhecimento.

Dentro do contexto das Ciências Agrárias, o uso racional dos recursos naturais, sobretudo a água, é uma das temáticas mais estratégicas para o avanço socioeconômico do Brasil. Isso porque a água é um dos mais importantes insumos de desenvolvimento humano, havendo uma forte correlação entre indicadores socioeconômicos, como o índice IDH de desenvolvimento humano, e a disponibilidade, quantitativa e qualitativa, de água.

Os recursos naturais, especialmente água e solo, são a base para o desenvolvimento da atividade agrícola. Portanto, manter a qualidade desses recursos é fundamental para a sustentabilidade econômica, técnica e social da produção. O aumento dos conflitos de setores que utilizam os recursos hídricos disponíveis, a cobrança pelo uso da água e as exigências de mercado por produtos ambientalmente certificados forçam o desenvolvimento de modelos de exploração capazes de compatibilizar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental.

Alguns estudos realizados mostram que a agricultura irrigada promove alterações favoráveis no PIB regional, refletindo na diminuição do fluxo migratório rural-urbano, no aumento do PIB per capita e no crescimento demográfico mais equilibrado. Enfim, contribui para a redução da pobreza.

A região Nordeste do Brasil tem apresentado, nas últimas décadas, a expansão de uma agricultura diversificada e de grande produtividade, características indispensáveis para enfrentar a liberação comercial e a competitividade dos blocos econômicos mundiais. Na Bahia, a agricultura está cedendo espaço de forma particularmente rápida ao uso de tecnologias modernas (irrigação, engenharia genética, máquinas), favorecendo vantagens comparativas em relação a outros Estados da Federação; exemplo disso é a expansão da fronteira agrícola nas regiões Oeste e Sul da Bahia mediante a exploração de culturas “nobres”, de maior valor econômico, que, sob condições favoráveis de clima, solo, fertilidade e irrigação, respondem por um volume crescente das exportações e de novas oportunidades de emprego e renda para a população.

Com efeito, são visíveis as transformações regionais alavancadas pelo uso da tecnologia de irrigação nos pólos Petrolina-Juazeiro, Norte de Minas Gerais (Janaúba), Sul da Bahia, Chapada Diamantina e outros. No entanto, faltam ainda mais estudos de avaliação desses impactos e suas causas fundamentais, em regiões que lançam mão da irrigação para transformar sua economia agrícola e regional.

Tão importantes quanto os estudos sobre regiões de agricultura irrigada consolidada ou em franca expansão são os estudos para levar maior desenvolvimento a outras regiões. Nesse contexto específico são relevantes estudos em localidades do Semiárido onde não se tem o benefício das águas fluviais bem distribuídas espacialmente, cabendo à pesquisa apontar para o uso racional de reservas subterrâneas (restritivas em sua qualidade e vazão) e águas superficiais alternativas, incluindo as de qualidade inferior (águas salobras, águas residuárias e esgoto doméstico), além da captação de água de chuva in situ.

A agricultura irrigada tem se comportado como uma alavanca do desenvolvimento da agropecuária baiana, aumentando a oferta de alimentos, diversificando a pauta de exportações, criando empregos permanentes e estáveis no campo e transformando o perfil do homem rural com a agregação de novos conhecimentos. Entretanto, sua prática deve ser exercida com cuidados especiais no tocante ao manejo de solo e água com vistas a torná-la sustentável, evitando problemas de degradação do solo como erosão e salinização e buscando melhorar a eficiência do uso da água, que é um bem finito.

No caso da agricultura irrigada, um dos maiores problemas está no uso inadequado dos recursos hídricos. A demanda hídrica para irrigação supera a soma de todas as demandas dos demais setores usuários da água, no contexto de uma bacia hidrográfica. Em termos globais, cerca de 70% dos recursos hídricos disponíveis são derivados para irrigação, em detrimento dos demais setores. Na medida em que estes se desenvolvem, a disponibilidade de água para irrigação tende a diminuir no futuro. Por outro lado, a importância da agricultura irrigada é inegável, tendo em vista que 36% da produção mundial de alimentos e fibras originam-se de apenas 15% de área irrigada em relação ao total atualmente cultivada.

É nesse contexto histórico, no qual tem papel de destaque na produção agrícola ao mesmo tempo em que pode gerar alto impacto ambiental, que a técnica da irrigação vem sendo fomentada por mecanismos como a Lei Federal 12.787, recentemente sancionada com o objetivo de ampliar a área irrigada no Brasil e garantir formação de pessoal qualificado.

Quando se considera a questão do abastecimento hídrico, sob a ótica do uso múltiplo da água, o dilema da irrigação é ainda mais forte. Nesse sentido, um desafio de grandes proporções começa a se delinear tanto em nível nacional quanto internacional no contexto do suprimento hídrico, ou seja, como conciliar, de maneira sustentável, os limitados recursos hídricos com a escalada de crescimento populacional, especialmente nos países pobres e em desenvolvimento, aqui incluído o Brasil. Maior população exige maior produção de alimentos, havendo necessidade de maior aporte de insumos e expansão da fronteira agrícola.

Em termos de expansão da fronteira agrícola as oportunidades são poucas e quando ocorrem exige o desmatamento de grandes áreas, o que leva à degradação ambiental através da desertificação, erosão, assoreamento de cursos d’água e poluição ambiental. Por outro lado, o aumento da produtividade das áreas sob cultivo exige o uso intenso de insumos (água, fertilizantes, pesticidas, etc.) para otimização da produção por unidade de área. Essa outra opção traz também riscos de degradação ambiental, pois o uso intensivo de fertilizantes minerais e pesticidas é uma das principais vias de contaminação do solo e da água, tanto na superfície quanto em profundidade.

É neste contexto de incertezas e desafios que se insere a pesquisa científica. Pesquisas que busquem e propiciem alternativas que mantenham o ritmo de progressos já alcançados, sem, no entanto, perder de vista o uso racional dos recursos naturais, dos quais depende a agricultura e o equilíbrio do meio ambiente natural contra os possíveis efeitos nocivos da modernização dos sistemas de produção.

A consolidação do PPGEA significará um importante avanço no atendimento das demandas da agricultura do Estado da Bahia e da Região Nordeste, com ênfase na agricultura irrigada.

O Estado da Bahia, com sua dimensão e importância no cenário de produção agrícola irrigada, riquezas naturais com disponibilidade de extensa área e recursos hídricos provenientes da principal bacia hidrográfica da Região Nordeste, não dispunha até então de Programa de Pós-Graduação consolidado em Engenharia Agrícola com ênfase em Agricultura Irrigada e Recursos Hídricos, mesmo com a presença de importantes instituições de ensino e pesquisa, a exemplo das universidades públicas (federal e estadual) e instituições de pesquisa como a Embrapa.

Deste modo, uma abordagem mais integral e multidisciplinar é necessária no processo de formação de profissionais capazes de: planejar, gerenciar e definir alternativas para o uso racional da água e do solo, de acordo com o modelo de exploração a ser inserido na tomada de decisão para a atividade agrícola irrigada, simular cenários de sistemas hidroagrícolas sustentáveis, monitorar, analisar e testar indicadores de eficiência de uso dos recursos naturais. Esses profissionais devem ser preparados para coordenar e/ou auxiliar equipes multidisciplinares na elaboração de estratégias, políticas, planos e leis que envolvam o uso sustentado de recursos naturais e serviços ambientais de diferentes regiões produtoras do Nordeste e do País. É com a missão de capacitar tais profissionais que o PPGEA vem atuando e se aperfeiçoamento semestralmente, desde sua criação (reconhecimento e homologação pelo CNE, conforme Portaria MEC 1324, de 08/11/2012, publicada no DOU 09/11/2012, seç 1, p. 8).

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