NOTA DE AGRADECIMENTO DO COLEGIADO CURSO DE HISTÓRIA DA UFRB
O colegiado do curso de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB vem através dessa nota agradecer ao apoio e solidariedade prestados por diversos coletivos, associações, grupos de pesquisa, departamentos e colegiados, além de pessoas que individualmente prestaram seu apoio à nós e à nossa colega, a Profa. Dra. Isabel Cristina Ferreira dos Reis, que vivenciou na semana passada, em sala de aula, um episódio de racismo promovido por Danilo Araújo de Gois, estudante da nossa universidade. Dada as medidas que deviam ser tomadas de imediato ao longo da semana, somente agora pudemos emitir essa nota, através da qual reiteramos o nosso total repúdio à posturas racistas, misógina, homofóbicas e racismo religioso que têm se tornado tão abertamente praticadas na sociedade brasileira.
A UFRB, como universidade mais negra do Brasil, tem o compromisso de, a partir desse ocorrido, reafirmar que nosso ambiente acadêmico deve ser marcado pelo respeito aos valores igualitários, alinhando-se à luta anti-racista no país. Sabemos que, como professoras e professores do curso de história, temos papel determinante na manutenção do estado democrático, empregando práticas educacionais que valorizem todas as culturas e povos, sobretudo os afro-brasileiros e indígenas, agentes do processo civilizatório brasileiro. Também aproveitamos para reafirmar a nossa admiração e respeito pela professora Dra. Isabel Cristina, uma pesquisadora de reconhecimento nacional e internacional no campo dos estudos da escravidão e da liberdade no Brasil e nas Américas.
É com grande alegria que a temos como membro do nosso corpo docente e com admiração que reconhecemos que as suas pesquisas, artigos e atividade em sala de aula contribuem para a formação de futuras professorxs e pesquisadorxs que conheçam, respeitem e valorizem a democracia, o convívio respeitoso entre todos os seres e a educação pública de qualidade. Além disso, a trajetória acadêmica da professora tem sido marcada por uma docência e produção de pesquisas em História que reconhecem o valor da história negra no Brasil e na diáspora.
Agradecemos em especial às nossas alunas e alunos pelo apoio e solidariedade, além da disposição em denunciar o fato ocorrido de imediato, atuando como agentes na luta contra o racismo e a misoginia, que atingem sobretudo as mulheres negras brasileiras, inclusive no exercício das suas funções profissionais. Esta demonstração de repúdio da juventude à atitudes discriminatórias é o principal sinal de que, como disse a professora Isabel Cristina, “este país ainda pode ter jeito e assim, ainda há esperança.