Ciclo de eventos debate o tempo através do diálogo entre arte e história
O historiador Fernando Baldraia foi o convidado da terceira edição do Ciclo 2019.2 do Elixir, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Coordenado pela professora do curso de Artes Visuais do Centro, Emi Koide, o evento tem como um dos objetivos o debate sobre as urgências e vitalidades do tempo atual, sobretudo nas artes, mas em diálogo com outras áreas do conhecimento também, refletindo e pensando em práticas decoloniais.
O tema do seminário foi “Entrê[s] tempos: a história como teoria da imitação, a imitação como teoria da história e a teoria como imitação da história”, que trouxe a reflexão de como o Brasil está em uma relação de cópia com a Europa, com outros lugares e se encontra sempre caminhando para alcançar este lugar e como essa busca e desejo é algo histórico.
O primeiro encontro teve a presença da curadora Diane Lima e da artista Rebeca Carapiá na condução das reflexões sobre modos e possibilidades de fazer curadoria e do fazer artístic. No segundo encontro, a artista Castiel Vitorino Brasileiro apresentou vários temas em discussões, a exemplo de questões ligadas às relações de gênero e do corpo. Neste terceiro o historiador Fernando Baldraia apresentou a teoria da história numa perspectiva decolonial. “Nesse sentido é também agregar nessa discussão, uma discussão mais teórica para que possamos enriquecer justamente uma troca interdisciplinar” , avaliou Emi Koide.
O Ciclo busca ainda fortalecer interdisciplinaridade, dos focos das edições de 2019.2, voltando-se para a relação entre arte e história e o diálogo entre os dois campos se desdobra na imitação e na estética. “O ponto específico são duas coisas, a questão da imitação, por isso que em todos os títulos é observar a história como teoria da imitação porque uma das coisas mais fundantes na teoria da arte é de você pensar em que medida a arte foi pensada desde o começo como maneira de você publicar a realidade, fazer a representação da realidade. E essa representação como uma espécie de imitação do real, e isso se dá na pintura, imitar o mundo. Mas o mais importante talvez é como é que você usa estética para pensar história” – expõe Fernando Baldraia.
Para o historiador, pensar esse tema no atual cenário político é importante já que isso possibilita um debate público, em um contexto de tentar alcançar um dos exemplos de um país com uma maior potência, os Estados Unidos, e pensar também quem está preocupado se o Brasil está ou não atrasado, ou imitando outros países, considerando que essa sempre foi uma questão da elite branca brasileira. “Você não está diretamente pensando sobre o debate público, sobre a política, mas todas elas estão permeadas por isso no debate público”, ponderou Baldraia.
A programação do Elixir continua e no dia 27 de novembro, quando acontecerá o último seminário com a artista e pesquisadora Rosana Paulino. “Ela talvez seja uma das primeiras mulheres negras artistas a ter um doutorado no campo de artes no Brasil e que tem toda uma contribuição no fazer artístico dela, porque em repensado arquivos coloniais, arquivos, memórias relacionadas ao corpo da mulher negra” diz Emi Koide, como um convite à participação da comunidade do Cahl.
Ascom CAHL – Projeto de Extensão
Equipe: Beatriz Victoria, Tallita Lopes