Nota sobre os ataques ao CAHL e à UFRB
Nos últimos dias, tem reverberado nas redes sociais um vídeo em que as paredes do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) - UFRB são usadas como pretexto para críticas à Universidade e à sua comunidade. Infelizmente , essa não é a primeira vez. Em outra oportunidade – no segundo turno das últimas eleições presidenciais – estas mesmas paredes foram usadas para sustentar ataques à UFRB e a seus corpos discente, docente e de servidores técnico-administrativos, com evidentes fins eleitorais. As paredes do CAHL estão, por isso, bem conhecidas. O fato é que muito do que se tem dito sobre o CAHL não é real ou está baseado em informações soltas e descontextualizadas. Isso é muito grave, num momento em que a educação brasileira tem sofrido sérios ataques. Chamamos atenção para dois aspectos do que representa uma universidade federal – pública, gratuita e de qualidade – numa região como o recôncavo da Bahia
Em primeiro lugar, a UFRB como um todo e o CAHL, especificamente, tem contribuído para que se reverta um quadro histórico de ausência de políticas públicas, neste caso, de educação superior. Desde 2006, são centenas de estudantes – a maior parte oriunda da própria região – que tem se profissionalizado e que já atuam, junto à iniciativa privada ou no serviço público, no mercado de trabalho local. Muitos desses diplomas representam a primeira formação superior da família: o primeiro diploma. O CAHL possui, atualmente, 11 cursos de graduação e 5 de mestrado, entre outras atividades de pesquisa e extensão. Além disso, é notório que a presença da UFRB nas cidades de Cachoeira e São Félix tem gerado efeitos econômicos positivos para a região. Em segundo lugar, chamamos atenção para o fato de que esta mesma universidade tem sofrido constantes reduções no seu orçamento nos últimos anos. Para se ter uma ideia, o orçamento previsto para a UFRB no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2020 é menor do que o do ano de 2013, quando a Universidade era significativamente menor do que hoje. Estes cortes irão implicar em dificuldades de pagamento de contas, diminuição no número de bolsas estudantis e de postos de trabalhos de terceirizados - a maioria destas pessoas são filhos e filhas do recôncavo. Investimentos para reformas, aquisição de equipamentos e construções também foram drasticamente reduzidos. Como exemplo informativo, o antigo prédio do INSS, em São Félix, batizado de Prédio 2 de Julho pelo Conselho Diretor do CAHL, foi adquirido pela UFRB há cerca de 7 anos e, só agora, graças a duas emendas parlamentares (uma delas ainda bloqueada), terão condições de receber atividades acadêmicas.
Nesse sentido, mesmo com a pintura das paredes internas e externas do Quarteirão Leite & Alves, o principal prédio de aulas do CAHL, já tendo sido solicitada pela direção do Centro à reitoria da UFRB, os sucessivos cortes, bloqueios e reduções orçamentárias não permitiram que tal obra fosse realizada. O CAHL-UFRB compreende também que seu papel, enquanto instituição educacional, consiste em compreender quais são os problemas diários enfrentadas pela sua comunidade e apresentar formas de solucioná-los. Muitos dos conteúdos expressos nas paredes do Centro estão relacionados ao combate ao machismo, racismo e homofobia tão presentes na sociedade contemporânea. Neste sentido, também já estão em organização atividades formativas e de debate sobre expressões juvenis e patrimônios culturais, de modo a ouvirmos e pensarmos articuladamente as formas de engajamento e a educação patrimonial.
Entendemos que a principal razão de existência deste CAHL-UFRB, em Cachoeira e São Félix, é o seu corpo estudantil, filhos e filhas do Recôncavo. Por isso, nos consideramos uma instituição parceira de todas aquelas que promovem a inclusão social, com foco na educação e contribuindo para a qualificação do debate democrático e o desenvolvimento local.
Prof. Dr. Jorge Cardoso Filho
Diretor do CAHL-UFRB