Debate sobre “Jornalismo de moda” reúne estudantes, jornalistas e pesquisadores
Já foi o tempo em que falar de moda era considerado futilidade ou uma seara ao alcance apenas dos abastados. Ela movimenta negócios, compõe as identidades dos indivíduos e também é assunto sério nos espaços acadêmicos. Prova disso foi a realização do III Seminário Corpo, Moda e Performance, realizado na última segunda-feira (26/08) pelo grupo de pesquisa Corpo e Cultura, coordenado pela professora do curso de Jornalismo da UFRB e pós-doutora em sociologia pela Université René Descartes, Paris V-Sorbonne, Renata Pitombo.
Com o objetivo de discutir as questões relativas às problemáticas do corpo, moda e a performance e seus possíveis enquadramentos no jornalismo cultural a coordenadora do grupo, afirmou que o diferencial do evento deste ano foi a compreensão do espaço em que a moda está no jornalismo baiano e observação das mídias em que são discriminadas as produções. “O intuito do grupo é trazer contribuição e atualização ao que se refere à moda na Bahia!”, ressaltou.
O seminário reuniu pesquisadores, estudantes e profissionais da área no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira. A programação foi composta por uma mesa pela manhã, na qual as integrantes do grupo de pesquisa apresentaram resultados de seus trabalhos. Á tarde foi realizada uma mesa-redonda com os jornalistas responsáveis pelo caderno “Bazar” do Jornal Correio, Gabriela Cruz e Ronney Argolo, e a blogueira Marcella Brandalize (Blog Sorella).
Moda na Bahia
A estudante de Jornalismo Maeli Souza apresentou seu artigo “Crítica de moda na Bahia: uma investigação de suas possibilidades”. Ela analisou a Revista Muito percebeu que a crítica de moda não é o forte do editorial e que tudo é uma apropriação e recriação do que já existe.
Larissa Molina relatou sua análise da abordagem de moda do Trendscool, caderno que foi publicado noCorreio da Bahia. Ela observou a dimensão simbólica e afetiva com que a moda é tratada e abordou o “street style” londrino como forma de reconhecer a cultura do local. “A moda ocupa um lugar privilegiado na mídia porque se vê um interesse de divulgá-lo. Assim como as artes, o cinema, o teatro, hoje são consumo, a gente pode ver a moda de um viés cultural, não só como consumo”, afirmou.
Já Rafaela Barreto fez uma análise de mais de 20 blogs baianos de autoras com profissões diversificadas. Analisando a classificação das matérias postadas, quer comportamentais, de tendência ou serviço, ela observou que na maioria dos blogs há exposição das experiências pessoais de quem escreve com linguagem informal, estimulando o consumo de um público que nem sempre tem condições de adquirir o que é exposto como ostentação das compras ou desejos das blogueiras, que não deixam claro se recebem benefícios pelas propagandas que fazem no blog, nem se preocupam em fornecer informações de onde encontrar os produtos ou como utilizá-los no dia-a-dia.
Ao observar que as blogueiras têm participação lucrativa no mercado de moda, sendo inclusive convidadas para desfiles como se fossem jornalistas, Rafaela destacou a questão de que, mesmo sem cumprir as regras adotadas pelo jornalismo de moda, as blogueiras ocupam espaço devido a maior visibilidade e acessibilidade do meio.
Recém-formada pela UFRB, a jornalista Laís de Oliveira apresentou o resultado do tempo em que fez parte do grupo de pesquisa, o que deu origem a seu trabalho de conclusão de curso. Laís refletiu sobre o jornalismo de moda na Bahia por meio do viés da Revista Muito. Ela faz um breve histórico do jornalismo de moda, observou a escassez de publicações sobre o tema na Bahia, e ainda a evolução na produção de revistas e desenvolvimento da moda nacional.
“Revistas são objetos queridos, fáceis de carregar e de colecionar. São boa para cortar, copiar vestidos, decoração, arrumações de mesa”, afirmou, analisando aspectos específicos da revista publicada aos domingos, desde 2008, encadernada no jornal A Tarde.
Moda e política
Na mesa principal do evento, realizada à tarde, a jornalista Gabriela Cruz falou sobre o início do jornalismo de moda no Brasil e um pouco sobre os bastidores das coberturas do Jornal Correio, no caderno de variedades publicado aos domingos, o Bazar, do qual é editora. “Buscamos fazer um recorte diferente com os baianos nos desfiles”, acrescentou.
Ronney Argolo, que também é editor do caderno Bazar, fez uma reflexão relacionando moda com política, analisando a moda individual e a de grupos. Deu exemplos a partir da imagem de alguns artistas, como Caetano Veloso, Madona e Lady Gaga sobre a mensagem que cada um traz na forma de se vestir. “A moda individual expressa uma forma de maximizar a mensagem que eles querem passar”, disse. Sobre a moda de grupo ele falou sobre o movimento punk, emo e os metaleiros. Para Ronney, o papel do jornalista de moda é passar para o público leitor a mensagem que a roupa traz.
Marcella Brandalize que é formada em direito, contou sua experiência como blogueira no mundo moda e o quanto acha importante o conhecimento em jornalismo. “Não sou jornalista, mas leio muito sobre o assunto”, afirmou. Ela disse sentir dificuldade sobre as técnicas jornalísticas no momento de escrever. “Tenho um amigo jornalista e sempre recorro a ele”, confessou. Marcella criou o blog Sorella há um ano em parceria com sua irmã. Além de falar sobre moda, ela também dá dicas de viagem, saúde, beleza, filmes e exposições e o famoso look do dia.
A professora Renata Pitombo encerrou o seminário abordando a crítica de moda, que se estabelece entre o entretenimento e a arte. Para ela, as falas dos palestrantes foram importantes para condensar esse pensamento entre moda, cultura e comunicação.
Exposição de Fotografias de grifes da moda no Espaço Hansen até dia 10
A exposição fotográfica “Imagem de moda: Vitrina e Cotidiano”, que faz parte da programação do III Seminário Corpo, Moda e Performance, fica aberta ao público no espaço cultural Hansen Bahia, ao lado do Quarteirão Leite Alves, em Cachoeira, até o dia 10.
A mostra de fotografias foi aberta como extensão do III Seminário Corpo, Moda e Performance, realizado no dia 26/08. Reúne fotos de vitrines de grande grifes do mundo da moda, a exemplo de Chanel, Giorgio Armani, Prada, Gucci e Dior, tiradas pela professora Renata Pitombo.
“A exposição fotográfica é um modo expressivo plástico de apresentar minhas inquietações sobre o fenômeno da moda na sua relação com o belo, o consumo e com a arte. São fotos de uma amadora e amante do mundo da moda, que mostra o diálogo da vitrine com passantes, potencial consumidor”, explicou Renata Pitombo.
Ela contou ter clicado a similaridade e a diferença das vitrines, mostrando diferença geográfica e cultural das mesmas marcas fotografadas em Paris e em Milão. Para Lindaura Gomes, aluna do 3° semestre de Jornalismo da UFRB, o tema da exposição é bem interessante. “Gostei muito das descrições”, comentou. A exposição é aberta ao público e ficará exposta até o dia 10 de setembro, de segunda a sexta-feira, no turno da tarde.
Foto: Naiara Moura
Assessoria de Comunicação do CAHL – ASCOM-CAHL
Professoras orientadoras: Rachel Neuberger, Hérica Lene e Jussara Maia
Técnica-administrativa: Lelia Sampaio
Estudantes de jornalismo: Ana Paula Santos, Drielle Costa, Laís Sousa e Naiara Moura
E-mail para contatos e sugestões: site.cahl@ufrb.edu.br
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