“A multiplicidade de perspectivas e de vivências em torno de um dado objeto de estudo produz um conhecimento mais robusto e de melhor qualidade”, destacou Olival Freire Junior, atual diretor científico do CNPq, na palestra que realizou na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). O diretor foi recebido na última sexta-feira, dia 30 de maio, no auditório da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação (PPGCI), para uma fala sobre as perspectivas e os desafios da pesquisa no Brasil.
Para Olival Freire, um dos desafios atuais que o país enfrenta é a diáspora científica. “O Brasil acumulou, ao longo das últimas décadas, um número expressivo de brasileiros bem qualificados que estão espalhados pelo mundo e que desejam voltar a atuar no país", disse. Para lidar com a situação, ele apontou ações variadas que estão sendo postas em prática no âmbito do Governo Federal, desde acordos de cooperação até programas para inserção e fixação de pesquisadores no mercado brasileiro.
Como exemplo das iniciativas em andamento consideradas prioritárias pelo Conselho, o diretor destacou o programa Conhecimento Brasil, que trará de volta ao país cientistas brasileiros que atualmente residem em 34 países de todos os continentes. A primeira edição teve seu resultado recém-divulgado pelo CNPq e a expectativa, segundo Freire, é que novas edições sejam lançadas futuramente.
O diretor também falou sobre a nova sistemática de avaliação do pesquisador para a obtenção de bolsa de produtividade em pesquisa e desenvolvimento tecnológico do CNPq. Já a partir deste ano, o processo avaliativo da produção intelectual passou a adotar o critério qualitativo, baseado em fatores e metodologias definidos pela área de avaliação da CAPES, com o objetivo de avançar na análise conceitual, na pertinência e nas contribuições científicas advindas dos estudos. “A publicação não pode ser feita a qualquer custo; é preciso levar em conta o impacto daquilo que vai ser publicado”, ponderou Olival Freire.
Quanto aos programas de desenvolvimento acadêmico voltados a estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas, quilombolas, população do campo e estudantes com deficiência, a exemplo do Programa Abdias Nascimento, a sua expectativa é que possam ser cada vez mais fortalecidos. “Quando a gente consegue desenhar uma ação que visa um público-alvo específico, é mais eficaz do que manter nos editais uma consideração genérica”, afirmou o diretor.
Avanços na Federal do Recôncavo
Sobre a UFRB, Olival Freire falou com entusiasmo do aumento na qualidade da pesquisa na instituição, tendo em vista a diversificação das suas áreas de investigação. “Isso desenha um projeto de Universidade que tem um componente de pesquisa acentuado”, ressaltou. O mérito desse projeto foi atribuído à ação coletiva: “Esse é o resultado acumulado da atuação das gestões anteriores, da gestão atual e dos servidores que chegam e vestem a camisa da Universidade”.
Atuação política e científica
Bacharel e Licenciado em Física pela UFBA, Olival Freire assumiu a diretoria do CNPq em março de 2023. Mestre em Ensino de Física e Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), o professor pesquisa sobre a história da Física e da constituição do campo científico no Brasil. Fez estágio pós-doutoral em várias universidades como Harvard e MIT. Foi presidente da Sociedade Brasileira da História da Ciência, de 2010 a 2012, e pró-reitor de Pesquisa da UFBA, de 2014 a 2019.
A palestra do professor Olival Freire está disponível na TV UFRB: