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Seminário discute a relação do corpo com a cultura

Publicado: Terça, 27 Novembro 2012 20:58

A segunda edição do Seminário Corpo e Cultura foi realizada no dia 26 de novembro no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). O evento é resultado de uma produção acadêmica sob orientação da professora Renata Pitombo, que coordena o grupo de pesquisa Corpo e Cultura e também é responsável pelo grupo de estudos sobre Corpo, Moda e Performance.

A professora Renata Pitombo faz uma breve abordagem sobre o grupo: “Essa atividade é o fruto do grupo de pesquisa com existência desde 2009, que contém seis pesquisadores e 19 estudantes, dos cursos de Comunicação Social, Cinema e Ciências Sociais. Primamos por uma abordagem multidisciplinar e o grupo está aberto para novos integrantes”. Segundo ela, podem participar pessoas que se interessam por dança, capoeira, religiosidade, corpo em transe, estilos de vida, sensibilidade corporal, gênero. “Buscamos a pluralidade, pensar no corpo e cultura de forma múltipla”, completa a professora.

O seminário contou com a apresentação de discentes e docentes da UFRB, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Em uma das mesas redondas, a estudante Maína Pinillos abordou as telenovelas como ‘revista de moda’ das camadas populares. Ela explica: “A telenovela é o principal produto para efeito de consumo. A partir dos anos 1970, as tramas passaram a ser mais realistas, antes eram adocicadas e românticas. Mas, com a abertura do país, as telenovelas passaram a responder à realidade brasileira. Em novelas como ‘Malu Mulher’, já se falava sobre feminilidade, divórcio e até orgasmo feminino. Em ‘Roque Santeiro’, ‘Tiêta’ tratava-se de corrupção e política. Gerou-se também as realidades regionais, a cultura do interior, a valorização do sotaque, costumes, práticas sociais, passando-se assim, a ideia de Brasil”.

Pinillos também comenta sobre o bom gosto normatizado. Os telespectadores atribuem as vestimentas ao personagem, como, por exemplo, “A calça da Carminha”, “A pulseira da Jade”, estabelece-se um bom gosto, mas, com isso, a normatização dos padrões estéticos. “Pensar na moda também é refletir sobre o seu consumo no Brasil, pelos baixos índices, tanto econômicos quanto educacionais, a TV exerceu um papel definidor na estrutura de consumo do país”, afirma a estudante.

Ao parafrasear o filósofo fenomenólogo francês, Merleau-Ponty, sobre o corpo como a ligação direta do indivíduo com o mundo, Renata Pitombo comenta: “É pelo corpo que se percebe as coisas, se estabelece relações com o outro, que nos engajamos no mundo. Damos importância às roupas, afinal, na cultura ocidental, não temos a experiência do corpo nu. Mostra-se a roupa como extensão do corpo, e até da alma, como afirmam alguns autores”.

A professora da FAT, Luciana Boeira, relaciona a forma de se vestir como assumir uma ideologia. Ela explica: “A roupa é como uma fantasia, roupa como pensamento. É uma comparação, simbologia, representação a pessoa assume uma identidade ao usar uma roupa. A exemplo dos punks, que realmente acompanham o movimento e o assumem como ideologia, uma mulher não usaria um sapato de salto”.

A conferência de encerramento foi ministrada pelo professor da UFBA, Paulo Cesar Alves, que também fez o lançamento de livros no evento.

 

O evento trata, entre outras coisas, da vestimenta como expressão cultural

 

Público é convidado a refletir sobre a relação do corpo com o agir social

 

Assessoria de Comunicação do CAHL – ASCOM-CAHL

Professoras orientadoras: Rachel Neuberger, Hérica Lene e Jussara Maia

Técnica-administrativa: Lélia Sampaio

Estudantes de jornalismo: Cíntia Pina, Fabiana Dias, Mariana Priscila Souza, Bárbara Rocha

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