Ocupa Casa do Benin promoveu intercâmbio artístico e acadêmico entre Bahia e Benin
Entre os dias 18 e 22 de agosto, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) sediou a 4ª edição da Semana Ocupa Casa do Benin, realizada nos municípios de Cruz das Almas e Cachoeira. A programação reuniu artistas, curadores e intelectuais do Brasil e do Benin, promovendo diálogos e experiências sobre arte, cultura e saberes tradicionais.
A abertura do evento aconteceu no campus Cruz das Almas da UFRB, com a palestra da engenheira e designer têxtil beninense Nádia Adanle, intitulada “Tradição do índigo do Benim: cultivo e processamento de plantas e arte têxtil”. Na apresentação, ela compartilhou saberes ancestrais sobre o cultivo do índigo e a produção artesanal da tinta azul que, há séculos, colore tecidos no Benim. Nádia também ministrou uma oficina prática na Embaixada Preta, em Cachoeira, onde os participantes experimentaram as técnicas de tingimento. As peças produzidas compuseram uma exposição coletiva na Galeria do Auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB).
Outro destaque da programação foi a pré-estreia do longa-metragem “Sua Majestade dos Mares e dos Oceanos”, do diretor Michel Meyer, com mediação da produtora franco-beninense Lylly Houngnihin. O filme retratou a trajetória de Dada Daagbo Hounon Hounan II, Chefe Supremo Vodun, e destacou a filosofia do Vodun como forma de contraponto aos estigmas difundidos no Ocidente sobre essa tradição.
Na terça-feira (19), a mesa de abertura em Cachoeira discutiu a história da arte através do Vodun, com a convidada Lilly Houngnihim (Laboratoire Arts Contemporains), e os desafios da gestão do patrimônio histórico e cultural do Benin, com a professora e pesquisadora Blandine Agbaka (Universidade de Abomey-Calavi). A mediação foi feita pela professora Denize Ribeiro (UFRB). A programação incluiu ainda oficinas sobre pintura e ancestralidade com as artistas plásticas beninenses Sika da Silveira e Drusille Fanigbo, em Cachoeira.
A coordenadora do evento, professora Emi Koide, avaliou que o Ocupa Casa do Benin reafirmou o compromisso da UFRB em fortalecer o diálogo internacional e valorizar os vínculos culturais afro-diaspóricos. “Foi um privilégio trazer todas essas convidadas para o Recôncavo. A proposta do evento foi justamente ampliar esse diálogo, a cooperação e as trocas entre a Bahia e o Benim”, afirmou.
O Ocupa Casa do Benin foi realizado pelo projeto de extensão e pesquisa África nas Artes (UFRB), em parceria com o grupo de pesquisa Balaio Fantasma (UFBA), e contou com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFRB (PROEXC). A programação, que se estendeu por mais de um mês, foi encerrada na última sexta-feira (30), em Salvador.
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