8 de março Dia Internacional da Mulher
8 de março:
“NINGUÉM NASCE MULHER. TORNA-SE MULHER”.
Simone de Beauvoir
Os nossos repertórios culturais sexuais são construídos a partir de expectativas sociais e desejos que nos autoriza a declarar, sem medo, como Simone, que ‘tornar-se mulher’ é uma escolha estético política de múltiplas leituras.
Somos todxs objetos de uma arquitetura sócio política; desde o nome dado a cada órgão do nosso corpo e sua feminilização até cada característica, modo ou jeito de ser que constrói marcadores tomados como femininos. No entanto, podemos desconfiar da estabilidade destes marcadores para pensarmos nos diversos modos de ser mulher, para além daquilo que foi naturalizado no corpo como verdade absoluta.
Aqui, por essas bandas, somos meninxs, jovens, adultxs e idosxs latinas e, em maioria, negras. Por muito tempo tomamos os conceitos ocidentais hegemônicos para refletir sobre nossa própria vida até que a inadequação assaltou-nos por meio da experiência. Sim, nossas comunidades e nossas vivências foram escapulindo aos modelos patriarcais de análise e vimos de perto que não se pode pensar sem tomar a indivisibilidade gênero-raça/etnia-economia.
Somos mulheres de cor, produzidas pela ação política da colonialidade de poder que nos ‘conformou ao padrão normativo’ universal do ocidente, dilacerando nossos modos, exaurindo nossa sexualidade, destruindo nossa organização política. Em outras palavras: a invenção da mulher nestas bandas de cá, tomando como modelo as mulheres e a sociedade do outro lado do mundo, nos desapropriou de sermos aquilo que nossa experiência nos indicava ser.
Mas, nos criamos novos jeitos! Estamos em processo de descolonização, questionando o modo de produzir riquezas e subjetividades, sendo uma variedade cada vez maior de femininos, não conformadas à legitimação do biológico como natureza. Somos pretxs, brancxs, amarelxs, heterossexuais, bissexuais, lésbicas, transgêneros ou travestis e tantas outras, mas todas de cor, por opção política.
Estamos aliadas à terra que elegemos como espaço político de descolonização, por meio de nossas greves, passeatas, batuques, atabaques, filhos e filhas. Desenhamos um novo corpo onde o mais importante é a experiência de ser mulher descolonizada, voltadas às micro experiências históricas de nosso povo, criando novas categorias de pensamento, exaltando nossa ancestralidade e hibridando nossa vida às de tantas outras.
Nosso abraço a todxs os jeitos de ser feminino dxs estudantes, professorxs, técnicxs, terceirizadxs, pesquisadorxs, neste dia 8 de março, que culminou com a luta internacional das mulheres. Muita força a todxs nós. Vale o lembrete da feminista negra Audre Lorde “As ferramentas do mestre nunca irão desmantelar a casa-grande”! Construamos nossa pauta e lutemos por ela!
Viva a todxs!
Núcleo de Gênero, Diversidade Sexual e Educação- CPA- PROPAAE