Festival de Maragogipinho reverencia a tradição e impulsiona a economia local
Muito além da experiência de comprar o artesanato de Maragogipinho, o festival de cerâmica, realizado entre os dias 13 e 19 de novembro, possibilitou uma imersão no universo das olarias. Visitantes puderam conversar com artesãos e artesãs, conhecer o processo de produção das peças, e até mesmo manipular uma roda de torno modelando o barro com as mãos. O evento também contou com feiras, oficinas e shows gratuitos dos artistas Jau, Lenine, Roberto Mendes, Sued Nunes e Cortejo Afro.
Situado no baixo sul da Bahia, Maragogipinho é um vilarejo com aproximadamente 3 mil habitantes - distrito do município de Aratuípe. À beira dos rios Maragogipinho e Jaguaripe, reúne mais de 140 olarias de produção artesanal. A tradição é passada de geração para geração.
Auriel Nazaré, filho, neto e bisneto de oleiro, segue mantendo a tradição da família materna e paterna. O artesão teve uma lucratividade inédita no festival e considera que o evento tem grande importância para a região. “A gente pôde mostrar o nosso trabalho, a gente não tá mais dependendo de atravessadores, as pessoas vieram conhecer a gente, os artistas. Eu só peço que deem continuidade a esse trabalho”, declarou.
O Festival da Cerâmica Maragojipinho apoia os artesãos locais e impulsiona a economia local, proporcionando um espaço direto para a venda de panelas, vasos, esculturas e uma variedade que chega a 5 mil tipos de peças de cerâmica.
“O festival é uma das ações do plano de desenvolvimento local e tem o objetivo de dar visibilidade a esse lugar, que tem a sua vida ligada à produção ceramista. Aqui, 2 mil pessoas vivem da produção de utensílios de barro. É necessário que Maragogipinho seja visitado, seja estudado, seja valorizado”, explica o professor Tone, prefeito de Aratuípe.
Além do viés econômico, o festival ajuda a manter a tradição que atravessa séculos: uma herança ancestral que carrega a cultura, a história e a identidade locais.
Para reconhecer e salvaguardar o artesanato local, iniciativas reconheceram o trabalho dos artesãos e artesãs durante o festival. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, parceira do evento, premiou dez mestres e mestras da cerâmica na solenidade de abertura. Além da certificação, o prêmio incluiu o incentivo financeiro de 3 mil reais para cada um(a) dos(as) artistas.
“Para a nossa universidade e para o estado da Bahia, é importante que Maragogipinho seja alçada ao lugar que ela merece: o maior polo de cerâmica da América Latina. Esse título foi recebido em 2004, pela Unesco, e ratifica a importância desse lugar para a cultura do país”, declarou o Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFRB, Danillo Barata.
A arte local tem influências indígenas, geométricas e florais, criadas com pintura artesanal em tauá, pigmento natural de argila em vermelho, e tabatinga de tom branco. A herança indigena também está visível nos detalhes das olarias, como as paredes de bambu e varas cobertas de sapê ou telha.
Helton Medeiros representou o Ministério da Cultura no festival. “Uma das pautas prioritárias do ministério é fomentar a cultura de base, pensando no valor agregado que existe nesse tipo de atividade. A forma como movimenta a economia, o território e ressignifica a própria comunidade. Iniciativas como estas fortalecem a cultura popular e a economia local”, avalia sobre a relevância do festival.
O Festival da Cerâmica Maragogipinho, realizado pela prefeitura municipal, contou com apoio do governo estadual, governo federal e também da UFRB. O evento desempenha papel fundamental na preservação da tradição ceramista e na promoção da economia regional.
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