Revista Extensão da UFRB pauta democracia e políticas públicas na sua 21º edição
Imagens distorcidas, que representam os três poderes da República, compõem a capa da Revista Extensão de número 21, e antecipam o tom desta edição. A publicação reúne entrevista, editorial e trabalhos sobre democracia, políticas públicas e a gestão brasileira da pandemia de Covid-19.
No Brasil, as consequências da pandemia foram ainda mais graves em um contexto de crise sanitária, política e humanitária, que encontrou fertilidade no solo de um país forjado com base nas desigualdades sociais e no racismo estrutural. Os efeitos da Covid-19 foram bem mais severos para grande parcela da população brasileira que se encontra em situação de subalternização e vulnerabilidade social.
Diante dessa conjuntura, a 21ª edição da Revista Extensão apresenta a temática "Democracia e Políticas Públicas". Em parceria com o IV Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas, evento realizado em setembro de 2021, pela ANEPCP, publicou o dossiê "Sociedade, Estado e o Público: formação e ação por caminhos democráticos em contextos de crise".
Na avaliação da Organização das Nações Unidas, a democracia é essencial no contexto da atual crise para garantir o fluxo de informação, a participação da sociedade civil na tomada de decisões e a responsabilização pela resposta à pandemia. Na contramão do que preconiza a avaliação da ONU, os golpes contra a democracia brasileira continuaram na pandemia, por meio de discursos anticonstitucionais e decisões políticas autoritárias.
De acordo com indicadores compilados pelo Index Democracy, classificação da revista The Economist, o Brasil nunca chegou a ser considerado uma democracia plena, na qual liberdades políticas e civis fazem parte da cultura política e o governo funciona de forma satisfatória. A novidade é que, em vez de avançar, nos últimos anos, o país tem perdido posições no ranking que avalia o estado da democracia de 167 países.
Nesse sentido, a ONU alerta para o fato de que a pandemia tem sido usada para restringir os processos democráticos e o espaço cívico, especialmente em países em que a democracia não se estabeleceu na sua plenitude.
Os artigos publicados nesta edição dialogam com o papel da extensão universitária na contemporaneidade, a partir da curricularização da extensão, do direito à cidade e do estímulo à reflexão crítica. O dossiê é introduzido por uma entrevista com o prof. Edgilson Tavares sobre como a gestão da pandemia tem evidenciado a fragilidade da democracia brasileira. Também aponta caminhos possíveis para o fortalecimento das relações entre Estado, mercado e sociedade, através de políticas públicas democráticas e inclusivas.
Essas preocupações também estão refletidas nos artigos e relatos vindos da Bahia e dos estados de Pernambuco, Ceará, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os trabalhos apresentam atividades extensionistas que se dedicaram à promoção da saúde de crianças, populações trans e em comunidades quilombolas; às práticas de ensino e aprendizagem sobre sexualidade, gênero e raça, bem como do trabalho e do empreendedorismo. Também se dedicaram aos desafios da educação em tempos de pandemia para estudantes, famílias e docentes; e às sociabilidades desenvolvidas a partir de práticas culturais, inovações tecnológicas e linguagens artísticas como a literatura, a música, o teatro, o audiovisual, o designer, o artesanato e a cultura tradicional e popular.
Para o comitê editorial, a edição de número 21 reflete a ideia de que ensino, pesquisa e extensão são indissociáveis, além de reforçar o papel da universidade, da cultura e da prática extensionista no enfrentamento das crises brasileiras.
O comitê editorial do periódico já está produzindo a 22ª edição. Até o dia 15 de fevereiro, a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia recebe artigos e relatos de experiências. Os trabalhos, selecionados a partir da avaliação duplo-cego, um dos princípios fundamentais para se evitar o viés na pesquisa, serão publicados no segundo semestre de 2022.
Redes Sociais