Dráuzio Gama, doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias (PPGCAGR) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), está em Portugal para um doutorado-sanduíche, onde investiga a memória hídrica das sementes. Essa experiência internacional é possibilitada por uma bolsa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e faz parte de um acordo de cooperação entre a UFRB e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.
A memória hídrica das sementes diz respeito à sua capacidade de tolerar estresse hídrico em ciclos repetidos de hidratação e desidratação. Essa adaptação permite que algumas sementes mantenham sua viabilidade mesmo após períodos de condições adversas, possibilitando a germinação quando o ambiente se torna favorável. Embora essa característica seja comum em sementes de regiões áridas e semiáridas, nem todas as sementes a possuem.
Dráuzio ressalta que os conhecimentos obtidos a partir de estudos sobre memória hídrica em sementes podem ser aplicados de diversas formas, como no planejamento da coleta de sementes florestais, em estratégias de conservação através de condicionamento osmótico e na otimização em tecnologia de sementes. “Conhecer de antemão que determinada espécie possui essa capacidade evita gastos desnecessários com estudos mais preliminares, como em processos mesmo de engenharia genética, por exemplo. Cabendo apenas domesticar e/ou selecionar as melhores progênies em algum estudo de melhoramento, se for o caso”, complementa o doutorando.
A pesquisa de Dráuzio envolve testes com a semente de espécie arbórea Copaifera arenicola, típica da caatinga brasileira, também conhecida em algumas localidades da região do Nordeste da Bahia como miroró ou pau-preto. Esse trabalho é parte fundamental das pesquisas já realizadas por Emerson Chambó, seu orientador e professor do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB/UFRB), com financiamento do CNPq.
Em Portugal, o professor Filipe Costa e Silva colabora com os estudos sobre a memória hídrica de sementes. Segundo Emerson, a experiência do pesquisador português com estresse hídrico em outras espécies será “crucial para adaptar e aprimorar as metodologias internacionais ao contexto brasileiro”.
Emerson também destaca a importância da parceria entre a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, que “fortalece o intercâmbio de conhecimento e fomenta o desenvolvimento de abordagens inovadoras, beneficiando diretamente o avanço científico no Brasil e ampliando as possibilidades de estudos nessa área”.
No início do seu doutorado-sanduíche, Dráuzio prevê que os estudos em Portugal sejam concluídos em janeiro de 2025. A expectativa dele é de que o período no exterior seja de grandes possibilidades e produtividade para a pesquisa sobre a memória hídrica nas sementes, principalmente “em razão da universidade proporcionar espaço para investigação científica em um ambiente de relações bastante agradável”, afirmou.
Ele expressa otimismo quanto ao período no exterior, acreditando que proporcionará grandes oportunidades e produtividade para sua pesquisa sobre a memória hídrica das sementes, especialmente por conta do ambiente colaborativo oferecido pela universidade.