Projeto da UFRB é único representante do Nordeste premiado em evento nacional de engenharia
- WoManTech busca incentivar interesse de meninas e mulheres para ciências exatas e promover acessibilidade.
Despertar o interesse de meninas e mulheres para as áreas da STEM, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Esse é o principal objetivo do WoManTech, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), um dos trabalhos premiados no Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE) 2024. Entre 60 trabalhos enviados, a equipe ficou entre os cinco projetos mais relevantes na categoria Talentos na Engenharia, sendo a única representante da região Nordeste a conquistar esse destaque.
O projeto é coordenado pelas professoras Raíssa Tavares e Camila Escobar, do Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS), no Campus de Feira de Santana, e conta com a participação de estudantes dos cursos de Engenharia de Produção, de Materiais, de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade, de Energia e de Computação, essa última ofertada no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CETEC/UFRB).
Além da proposta de inclusão de meninas e mulheres nas ciências exatas, o WoManTech também promove acessibilidade, por meio da produção do mouse de cabeça, equipamento que facilita o acesso de pessoas com deficiência ao mundo digital. Para atingir esses objetivos, o projeto funciona em três etapas. Na primeira delas, as universitárias são capacitadas em temas como eletrônica e soldagem. Na segunda etapa, as estudantes assumem a função de conduzir oficinas de eletrônica básica para meninas dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas. Depois, todas juntas, montam o dispositivo. A etapa final do WoManTech é a doação do Colibrino, nome dado ao recurso produzido, à comunidade.
Camila Escobar, coordenadora adjunta do projeto, explica como é feita a montagem do Colibrino. “A gente utiliza alguns componentes que são doações da Receita Federal. As meninas montam, programam em Arduino toda a parte eletrônica do dispositivo”. Arduíno é uma plataforma de prototipagem eletrônica open-source que se baseia em hardware e software flexíveis e fáceis de usar.
No projeto desde a sua implantação em 2022, Alice Bispo é estudante de Engenharia de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade do CETENS e viu no projeto uma oportunidade de ampliar conhecimentos. "Eu senti que só fazer as matérias da Universidade não iria me capacitar tanto, então escolhi participar de projetos, nesse caso o WoManTech, que me fez crescer muito tanto na área acadêmica quanto na vida pessoal", afirmou. Além de Alice, participam do projeto as estudantes Andressa Borges, Cíntia Santos, Amanda Leão, Helen Souza, Nataly Barbosa, Joana Oliveira, Vanessa Kelly Freitas, Mylena Cerqueira, Maria Clara Sampaio e Laissa Soares.
Para a professora Camila, o engajamento das estudantes no projeto começa quando elas veem a importância da ação para a formação de mulheres na área das exatas, pois "por mais que já estejam inseridas nesses cursos [de engenharias], se tem ainda questionamentos, um preconceito de que a área é mais voltada para os homens". Nesse sentido, a coordenadora adjunta do WoManTech também cita que as tarefas do projeto, como a montagem dos colibrinos e a programação, são geralmente relacionadas e delegadas a homens, mas que no grupo são feitas totalmente pelas participantes. Isso traz reconhecimento e mostra que as estudantes são capazes e “faz com que elas permaneçam, com que elas tenham mais curiosidade, até o desenvolvimento acadêmico delas se tornam melhor, porque elas sabem que vão poder aplicar conceitos. Elas observam que aqueles fundamentos que aprenderam têm uma aplicação e vão utilizar isso no projeto”, conclui Camila.
Premiação
A cerimônia de premiação do projeto WoManTech foi realizada no dia 16 de setembro, em Vitória, no Espírito Santo. No evento, Alice e suas colegas de equipe “puderam conhecer pessoas de todo o país e representantes de empresas de renome na área de engenharia conhecer pessoalmente a presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE), além de poder fazer network com pessoas de todo o país e empresas de renome na área da engenharia”.
Segundo a estudante, também foi um momento para divulgar o projeto e a UFRB. "O pessoal ficava muito animado quando falávamos que éramos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e surpresos por saber sobre a Engenharia de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade. O que também foi um ótimo momento para divulgar o curso que temos aqui!", acrescentou.
COBENGE
O Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia e o VII Simpósio Internacional de Educação em Engenharia (COBENGE 2024) são realizados pela Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE). Em 2024, o COBENGE chega a sua 52ª edição.
Trata-se do mais importante fórum de discussão sobre a formação e o exercício profissional em Engenharia no Brasil. O COBENGE reúne gestores e representantes de órgãos oficiais e instituições de ensino relacionados à Educação em Engenharia, além de empresas e professores, pesquisadores, profissionais e estudantes interessados na melhoria da formação em Engenharia e no desenvolvimento da Engenharia Nacional.
O tema central do evento foi "Engenharia do futuro: formação, desafios complexos e demandas da sociedade".
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