Com a presença de professores(as), estudantes, gestores(as) e comunidade externa, teve início na noite de segunda-feira (18), o 7º Fórum de Licenciaturas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no auditório da Escola Municipal Almeida Sampaio, em Amargosa. O evento é promovido pelo Centro de Formação de Professores (CFP) e tem como objetivo reunir professores, pesquisadores e licenciandos para refletir sobre a “Educação como prática da liberdade”, tema desta edição, que conta com mais de 900 inscritos.
A apresentação da Mística — nome dado ao elemento pedagógico utilizado na educação do campo para produção e ressignificação do conhecimento — marcou o início da cerimônia. Estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFRB, acompanhados pela Trupe D'girassois, também formada por alunos da instituição, encenaram o assassinato de Flávio Gabriel Pacifico dos Santos, conhecido como "Binho do Quilombo", ocorrido em 2017, e a luta por justiça de sua mãe, Bernadete Pacífico. Ao final, o grupo exibiu cartazes com frases de protesto contra a violência institucional sofrida por povos quilombolas e indígenas e a omissão do Estado e em favor da reforma agrária.
Na sequência, a mesa institucional foi formada com as presenças de Georgina Gonçalves dos Santos, reitora da UFRB; Fábio Josué Souza dos Santos, vice-reitor da UFRB; Carolina Fialho da Silva, pró-reitora de Graduação (PROGRAD); Creuza Souza Silva, diretora do CFP; Tiago Rodrigues dos Santos, vice-diretor do CFP; Jaylson Teixeira, coordenador institucional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid); Alex Verdério, coordenador institucional do Residência Pedagógica; Williams Panfile, diretor do Núcleo Territorial de Educação (NTE) 09; Arlen Beltrão, presidente da Associação Dos Professores e Professoras (APUR); e Luiz Carlos Souza da Cruz, estudante de Letras do CFP.
A professora Creuza Souza Silva, diretora do CFP, saudou a presença do público e agradeceu aos servidores e estudantes da comissão responsável pela realização do evento, bem como às instituições parceiras. Ela falou sobre a escolha do tema do Fórum, feita a partir do livro Educação como prática da liberdade, de autoria de Paulo Freire, que está alinhado aos objetivos do evento e ao compromisso da universidade. “Acredito que este Fórum é um símbolo do papel da universidade pública no recôncavo e no vale do Jiquiriçá na construção de uma sociedade justa, economicamente forte e politicamente preparada para enfrentar todas as formas de opressão”, afirmou.
Em seu discurso, a professora Georgina Gonçalves, reitora da UFRB, cumprimentou o público presente e, em alusão ao tema do evento, falou sobre o lugar das instituições de ensino e a educação como caminhos de transgressão e de esperançar, destacando como a UFRB está à disposição para contribuir com um projeto democrático de país. “Contar com o Centro de Formação de Professores que aponta na direção da esperança, que traz educadores que olham o passado e trazem Bell Hooks e Paulo Freire, como educadores que nos orientam, possa ser a confirmação de uma disposição que o que fazermos aqui na universidade é ensinar a esperançar, mas sobretudo ensinar a transgredir”, pontuou a reitora.
Conferência
O professor Sérgio Armando Diniz Guerra foi o responsável pela condução da conferência de abertura do Fórum. Com o título “Educação, liberdade e independência”, a apresentação foi mediada pela professora Rosângela Silva e tratou da Independência da Bahia, que completou o bicentenário neste ano.
O docente iniciou sua fala convidando o público que lotava o auditório a refletir sobre o que a Independência da Bahia tem a ensinar, ressaltando como a percepção sobre esse momento histórico vem mudando ao longo da história. Essa mudança de narrativa, de acordo com o docente, traz visibilidade à importância da participação popular no movimento e derruba alguns mitos sobre o processo de independência e sobre a percepção do povo brasileiro. “Esse mito de que a nossa história é pacífica e nosso povo é ordeiro nos impede de enfrentar grandes questões nacionais. Como é que a gente pode se considerar um país pacífico se nós somos campeões em feminicídio? Como é que a gente pode se considerar um país pacífico se a juventude negra está sendo dizimada nas periferias das grandes cidades? Como é que a gente pode se achar pacífico se a gente também é recordista mundial em violência contra a população LGBTQIA+? Nossa história não foi pacífica e todas as conquistas do povo brasileiro só é conquista com luta e com perda. Nada nos foi dado, nada nos foi concedido".
Ele também apontou as manifestações populares em celebração ao 2 de julho como “responsáveis por manter a narrativa da participação popular na Independência da Bahia” e ressaltou a importância de revisitar a história e dar atenção a outros vieses históricos. "Essa disputa precisa ser feita para que nos currículos a gente possa trazer as histórias dos quilombos, dos povos indígenas, da luta pela terra, as histórias das grandes rebeldias por direitos sociais, das greves, das reinvidicações sociais. Porque essas histórias representam de alguma forma aquilo que a gente conseguiu", defendeu.
Programação
Ainda à tarde, antes da abertura oficial do 7º Fórum de Licenciaturas, os primeiros trabalhos por eixo e do NTE 09 já começaram a ser apresentados. Um deles foi o de Alisson Farias, estudante de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Campus de Santo Antônio de Jesus, que viu no Fórum de Licenciaturas uma oportunidade de aprofundar conhecimento na temática de sua pesquisa. “Eu pesquisei na minha monografia e estou produzindo para o mestrado sobre a estrutura curricular da universidade. E foi justamente o eixo que fui apresentar meu trabalho. Foi muito enriquecedor conseguir trocar ideias, fiquei muito feliz por ver trabalhos similares, dar sugestão, receber também. Então, é muito importante também para integralizar as universidades, tanto estadual quanto federal”, relatou Alisson.
Em paralelo às atividades do Fórum de Licenciaturas, acontecem o VIII Seminário Institucional do PIBID e o III Seminário Institucional da Residência Pedagógica (RP). Taíse dos Santos Barbosa é estudante do 7º semestre de Filosofia do CFP e está na expectativa para os aprendizados que vislumbra ter já que, segundo ela, “são várias experiências em relação ao PIBID e ao RP e cada um tem uma didática, uma metodologia diferente para abordar em sala de aula e a gente quer ver essas experiências expostas aqui”.
Além do enriquecimento curricular, Jarlesson Silva, que cursa o 9º período de Educação no Campo, aponta o evento como um momento que oportuniza a reflexão sobre o papel da comunidade acadêmica e os caminhos que ela pode trilhar. “Tendo em vista que é um Fórum de Licenciaturas, é importante pisar o pé no chão e perceber a importância de uma educação emancipatória e entender nossa posição enquanto estudante e militante nesse sistema e saber nosso lugar, que é um lugar de luta”, declarou o jovem.
Para conferir a página do evento, acesse: ufrb.edu.br/cfp/fl2023.
Ouça as falas dos(as) componentes da mesa institucional:
Professora Georgina Gonçalves, reitora da UFRB:
Fábio Josué Souza dos Santos, vice-reitor da UFRB:
Carolina Fialho da Silva, pró-reitora de Graduação (PROGRAD):
Creuza Souza Silva, diretora do CFP:
Tiago Rodrigues dos Santos, vice-diretor do CFP:
Jaylson Teixeira, coordenador institucional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid):
Alex Verdério, coordenador institucional do Residência Pedagógica:
Williams Panfile, diretor do Núcleo Territorial de Educação (NTE) 09:
Arlen Beltrão, presidente da Associação Dos Professores e Professoras (APUR):
Luiz Carlos Souza da Cruz, estudante de Letras do CFP:
Conferência “Educação, liberdade e independência", professor Sérgio Armando Diniz Guerra: