Fechar
Página inicial Notícias MEC avalia com nota máxima curso superior de Tecnologia em Alimentos da UFRB
Ensino

MEC avalia com nota máxima curso superior de Tecnologia em Alimentos da UFRB

23/05/22 14:38 , 23/05/22 14:38 | 1794
imagem sem descrição.

Avaliadoras do Ministério da Educação (MEC) concluíram o processo preliminar de reconhecimento do curso superior de Tecnologia em Alimentos da Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com nota máxima, conceito 5. A escala de notas vai de 1 a 5 e avalia os critérios como infraestrutura, corpo docente, projeto pedagógico, desempenho do estudante, entre outros fatores. A avaliação do MEC aconteceu entre os dias 04 e 06 de maio.

“Essa avaliação representa para todos nós o reconhecimento do esforço diário daqueles que lutam na construção e efetivação da Educação do Campo e pelos direitos dos povos do campo, das águas e das florestas. Construímos a muitas mãos e, com o apoio das organizações e movimentos sociais do campo, o projeto de Educação do Campo na UFRB e a cada reconhecimento de curso, celebramos mais uma vitória. Somos um curso ainda novo, portanto, que sigamos na construção coletiva da Educação e que a qualidade do ensino e trabalho docente continuem sendo pautas defendidas no âmbito da UFRB e do Centro de Ciências e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS)”, disse a coordenadora do curso, professora Liz Oliveira.

Tecnologia em Alimentos

O curso de Tecnologia em Alimentos, vinculado à Educação do Campo, compõe a grade de cursos do Centro de Ciências e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS), campus Feira de Santana. O curso funciona no período diurno, com previsão de seis semestres – o equivalente ao cumprimento de 2.550 horas de atividades na modalidade da Pedagogia da Alternância.

O curso tem como foco promover a formação e a qualificação de processamento e de beneficiamento de alimentos da agricultura familiar, na promoção do desenvolvimento territorial, a partir dos princípios da agroecologia e da organização coletiva, voltada para a soberania, a segurança alimentar e nutricional e a economia solidária.

A vice-coordenadora do curso, Samantha Costa, comenta sobre o diferencial do curso. "A formação de profissionais habilitados e qualificados na área de Tecnologia em Alimentos que podem contribuir diretamente para o planejamento, gestão e operacionalização das agroindústrias da agricultura familiar existentes, muitas delas nas suas próprias comunidades. Os discentes do curso têm uma formação diferenciada e contextualizada, de base agroecológica e de organização coletiva e solidária, com habilidades sociopolíticas capazes de planejar, implementar, administrar, gerenciar, promover e aprimorar a área de alimentos da agricultura familiar”.

Os componentes curriculares são ofertados em dois tempos formativos na modalidade da Pedagogia da Alternância: o tempo universidade, que corresponde a 70% da carga horária dos componentes curriculares; e o tempo comunidade, que corresponde a 30% da carga horária dos componentes curriculares, e tem suas atividades desenvolvidas de maneira integrada entre o ensino, pesquisa e extensão, principalmente com a construção de Projetos de Intervenção.

O curso tem convênios com instituições e ambientes profissionais, para cooperação técnica, como associações e cooperativas, vinculadas a grupos produtivos e agroindústrias da agricultura familiar, visando, entre outras ações, a vinculação com os tempos formativos da Pedagogia da Alternância, no tempo universidade com a realização das aulas práticas de processamento de alimentos para os estudantes do cursos e das atividades dos projetos de intervenção do tempo comunidade.

Entre os conveniados estão a Associação Comunitária da Matinha (ACOMA), a Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (ARESOL), a Associação Rural Quilombola de Paus Altos, Santa Cruz e Adjacências (ARQUIPASCA), o Centro de Educação e Cultura Vale do Iguape (CECVI) e a Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Feira de Santana (APAEB – Feira de Santana).

O curso de Tecnologia em Alimentos, em processo de finalização do reconhecimento junto ao MEC, tem 80% dos professores com título de doutorado – os outros 20% têm título de mestre. Os docentes têm experiências acadêmicas e profissionais nas áreas de produção de alimentos e de gestão de empreendimentos agroindustriais da agricultura familiar.

Das turmas ingressantes no período de 2018 a 2021, o curso conta com 103 alunos matriculados ativamente, dos quais 18 são participantes em projetos de pesquisa; 9 participantes em programas internos e/ou externos de financiamento; 21 participantes em projetos de ensino; e todos os estudantes estão vinculados com ações de extensão, a partir dos projetos de intervenção, sendo que 8 são bolsistas em programas/projetos de extensão.

O vice-diretor do CETENS, Odair Vieira, comemorou a obtenção da nota máxima. "Uma nota 5 no Curso Superior de Tecnologia de Alimentos na Educação do Campo permite que o curso entre numa rota de atração de mais investimentos, mais estudantes, mais pesquisa, mais extensão, mais docentes, além de colocar o CETENS e consequentemente a UFRB em visibilidade a nível nacional".

Para ele, o curso de Tecnologia em Alimentos é importante também para o estado da Bahia, por ser um curso que tem como propósito contribuir com o desenvolvimento da agricultura familiar, através da formação de profissionais alinhados com a organização coletiva da produção, do beneficiamento, do armazenamento e da comercialização que geram riquezas dentro da realidade brasileira, dentro dos princípios da agroecologia e da economia solidária.

Contribuição para a agricultura familiar

Entre as demandas apresentadas no contexto da Educação do Campo está a de contribuir com os povos do campo no processo de produção e de processamento de alimentos nas unidades familiares. Estas unidades são resilientes ao modelo de desenvolvimento excludente, e que mesmo com as adversidades, garantem a produção e o abastecimento de alimentos para 70% da população brasileira, mesmo ocupando apenas 23% da área total dos estabelecimentos rurais. Esses dados revelam “a importância da agricultura familiar no contexto brasileiro e baiano com a geração de riquezas e a promoção da segurança alimentar e nutricional, em que a universidade assume um currículo que promove a formação técnico, científico e cultural de características estruturantes para o enfrentamento das desigualdades sociais e da exclusão no mundo rural, a partir do respeito a trajetória, o modo de viver e de produzir de sujeitos do campo com importância histórica no desenvolvimento territorial”, explica a pró-reitora de Extensão, Tatiana Velloso, presidente do NDE.

Este debate da produção e do abastecimento de alimentos pela agricultura familiar se entrelaça na dinâmica da Educação do Campo na garantia das condições dignas e sustentáveis de cidadania, como o direito a terra, as políticas agrárias, educacionais, agrícolas, entre outros. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE (2017), a agricultura familiar exerce uma importância pela existência de 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários da agricultura familiar, que representam 77% do total no Brasil, com 67% do pessoal ocupado em agropecuária no Brasil, em que 46,6% localizam-se na região Nordeste e 13,9% na Bahia. Portanto, a Bahia é o estado com o maior número de agricultores familiares do país. Essa dinâmica é vista nas agroindústrias rurais, com 1.527.056 unidades distribuídas nos estabelecimentos agropecuários, em que 85,9% são da agricultura familiar e o estado da Bahia representa 10,7% destas agroindústrias.

Neste contexto, a implantação de um Curso Superior de Tecnologia em Alimentos na Educação do Campo surge como oportunidade de estruturar e de fortalecer os sujeitos da agricultura familiar que vivem e trabalham no campo na produção e no processamento de alimentos no contexto da soberania e da segurança alimentar e nutricional, mediante a importância deste segmento na realidade brasileira e baiana.

Na dúvida, fale conosco!