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Aula Magna com Anísio Brasileiro destaca defesa da autonomia do ensino superior

Ex-reitor da UFPE (2011-2019) disse que os estudantes, as famílias deles, os movimentos e organizações sociais, os poderes constituídos, as empresas estatais e privadas são aliados das universidades públicas federais, na luta pela resistência e manutenção da produção de conhecimento das instituições.
13/03/20 10:24 , 13/03/20 10:24 | 1854

O professor Anísio Brasileiro de Freitas Dourado, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por dois mandatos consecutivos, foi o autor da Aula Magna de abertura do semestre letivo 2020.1, denominada “Universidade Pública: Democracia e Resistência”. O teor da aula foi a defesa da manutenção da autonomia do ensino superior, nas universidades federais brasileiras.

A Aula Magna aconteceu na manhã da última quinta-feira (12), no Auditório da Biblioteca do Campus Cruz das Almas, e foi prestigiada por autoridades educacionais, pesquisadores, professores, alunos, técnicos administrativos e convidados. A solenidade traduzida, simultaneamente, em Libras, foi transmitida pela UFRB TV.

A abertura do evento aconteceu com a composição da Mesa de Honra. Dela fizeram parte, o reitor e o vice-reitor, respectivamente, Fábio Josué Souza dos Santos e José Mascarenhas Bisneto e o coordenador executivo de projetos especiais da Secretaria de Educação da Bahia, Marcius Almeida.

Após a formação da mesa, a solenidade prosseguiu com a execução do Hino Nacional e o discurso dos três integrantes da Mesa de Honra. O reitor Fábio Josué convidou o professor doutor Anísio Brasileiro para proferir a Aula Magna de abertura do semestre 2020.1.

A fala de Anísio Brasileiro deu destaque à importância do fortalecimento da universidade pública como fatores de formação educacional, econômica, cultural, humanística e social da nação brasileira.

Entre as universidades públicas, destacou as 67 federais com 334 campi espalhados pelo País, responsáveis pelo acesso ao ensino superior de 1 milhão e 200 mil alunos - 70,2% deles possuem renda per capta de até um salário mínimo e meio, dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES).

Para a atuação em ensino, pesquisa e extensão, as 67 universidades federais contam com contingente de 95.772 professores – destes 72% possuem doutorado (69.126); 20% deles possuem mestrado (19.940); 4,25% possuem especialização (4.070) e 3,75% possuem apenas graduação (2.636).

Brasileiro explicou sua trajetória de estudante, que aos 18 anos, oriundo de Garanhuns, interior pernambucano, distante 230 quilômetros de Recife (PE), se fixou na capital, para estudar Engenharia Civil e morar na residência universitária da UFPE.

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“Vivi intensamente o que pude na universidade. Tive a sorte de ter amigos que estavam na universidade dois anos à frente de mim. Fiz parte do movimento que reabriu os diretórios acadêmicos da UFPE. A vida estudantil se dá em defesa das causas do movimento estudantil, da educação e da universidade”, explicou.

Brasileiro se formou em Engenharia Civil, fez mestrado em Engenharia Industrial, pela PUC-Rio, Especialização e Doutorado em Transportes pela École Nationale des Ponts et Chaussées. No mestrado e no doutorado teve bolsa de estudos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) vinculado ao Ministério da Educação. 

Brasileiro disse que a forma que encontrou de retribuir sua formação acadêmica à sociedade brasileira foi a de ser professor da UFPE (desde 1978) e gestor (pró-reitor de Extensão, no período de 2003-2006; de pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, de 2007-2011; e reitor da UFPE, de 2011-2019). Disse que sua mãe havia sido professora, durante 25 anos, em grupo escolar; e que sua mulher, é professora de Matemática. Seus dois filhos estudaram em universidade pública.

Ele apontou a educação superior como meio de ascensão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas através do conhecimento. Em sua mensagem otimista, disse adorar o ambiente universitário. “Eu adoro o que faço, adoro a universidade, sou feliz no meio de tantas dificuldades, por isso é que a gente tem que resistir ao desmonte do ensino superior e garantir a autonomia das universidades e institutos”, disse Brasileiro.

Ele enalteceu o mérito dos estudantes por ingressaram em uma universidade de referência como a UFRB, “pelos números que apresenta e pela inserção social em três territórios de identidade diferentes, de multiplicidade e diversidade de culturas, economias e possibilidades”. Os territórios em que a UFRB estão instalados são o Portal do Sertão, Vale do Jiquiriçá e Recôncavo.

Segundo ele, “quarenta e três anos depois de formado, olho para trás e vejo que fiz o que eu pude; tento ajudar as pessoas como posso; sou uma pessoa feliz; mas sou uma pessoa inquieta porque a gente não pode aceitar as imensas desigualdades sociais existentes na América Latina e, particularmente, no Brasil e no Nordeste”.

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Brasileiro disse estar preocupado, principalmente, com a questão da empregabilidade da população jovem, os ingressantes e os egressos das universidades; e os milhares de pessoas que poderiam estar nas universidades e não estão.

Brasileiro disse que os estudantes, as famílias deles, os movimentos e organizações sociais, os poderes constituídos - as Câmaras, Prefeituras Municipais e o Governo do Estado – as empresas estatais, dentre elas, a Petrobras e as empresas privadas são aliados na luta pela resistência e manutenção das universidades públicas.

Segundo ele, deve-se mostrar a esses grupos o conhecimento e a competência produzidos pelas universidades que têm capacidade de impulsionar o desenvolvimento “e aí a gente resiste porque está ancorado naquilo que é a dinâmica da força dos apoios sociais”.

Presenças – Estiveram presentes à Aula Magna todos os pró-reitores da UFRB: Carlos Alberto Santos (Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis); José Joaquim da Silva Ramos (Planejamento); Rosilda Santana dos Santos (Administração); Maurício Ferreira da Silva (Pesquisa, Pós-Graduação, Ciência e Inovação); Tatiana Velloso (Extensão); Wagner Tavares (Gestão de Pessoal); e Karina Cordeiro (Graduação).

Também estiveram presentes os diretores do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), Dyane Brito; do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CETEC), Adson Mota Rocha; do Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS), Jackson Machado; e do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Flávia Conceição Henrique.

O secretário de Políticas Especiais da Prefeitura Municipal de Cruz das Almas, Pablo Rezende da Silva; o Chefe Geral Substituto da EMBRAPA, Carlos Estevan; superintendentes de órgãos da UFRB, coordenadores, técnicos administrativos, professores e alunos também estiveram presentes à Aula Magna.

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