Com uma programação marcada por filmes inéditos, o VI CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira já se destaca como um dos mais importantes do gênero cinematográfico no país. O evento acontece entre os dias 1º e 7 de setembro, no Cine Theatro Cachoeirano (antigo Glória), um dos primeiros cinemas do Brasil, e no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cachoeira, localizada a 110 km de Salvador.
Nesta edição, serão exibidos 57 filmes, sendo mais de 30 inéditos no estado e seis no país, além de uma pré-estreia nacional. Os curtas, médias e longas-metragens integram as mostras Competitiva Nacional, Perspectivas do espaço e imersões sensoriais, Soy Cine, Clássicos do Real e Cinema na Real e as sessões de abertura, especiais eCineclube Mário Gusmão.
Na programação da Mostra Competitiva estão 13 curtas-metragens e oito médias e longas. Entre os selecionados concorrem os baianos “A loucura entre nós” (Bahia, 2015, 78 min.), de Fernanda Vareille, “Ana” (Bahia, 2015, 20 min.), de Camila Camila, “Eu, travesti?” (Bahia, 2014, 4 min.), de Leandro Rodrigues, e “O mar, a mata e a humanidade” (Bahia, 2015, 6 min.), do Coletivo Cinema e Sal.
Entre os destaques do festival estão as sessões especiais, que exibem o premiado documentário “Terra natal: Iraque ano zero” (Iraque/França, 2015, 334 min.), obra-prima do cineasta Abbas Fahdel, inédito na Bahia, e o longa-metragem “O Touro” (Paraná, 2015, 78 min.), de Larissa Figueiredo, que faz sua pré-estreia nacional no VI CachoeiraDoc.
“A ideia de que o documentário é território fértil de produção e difusão de conhecimento atravessa toda a programação desta edição do CachoeiraDoc”, explica Amaranta Cesar, que coordena a programação do festival com Ana Rosa Marques. “O CachoeiraDoc tem fortalecido e tido sucesso na sua proposta de descentralizar e interiorizar a realização de eventos, criando outro eixo de produção, troca e visibilização da cultura. Cada ano vem mais gente do Brasil inteiro para exibir, ver, pensar e discutir filmes ou novos projetos, produzir e trocar saberes, estabelecer redes”, completa Ana Rosa Marques.
A Mostra Perspectivas do espaço e imersões sensoriais: os filmes do Laboratório de Etnografia Sensorial exibe parte do acervo premiado do laboratório da Universidade de Harvard: o renomado Sensory Ethnography Lab (SEL). A instituição promove inovadoras combinações entre estética e etnografia em seus filmes e chama a atenção para as diferentes dimensões e percepções do mundo. Já na Mostra Soy Cine: os filmes da Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba serão exibidos documentários realizados por jovens de diferentes lugares do mundo e que encontraram no contexto de formação da EICTV (Escuela Internacional de Cinema y TV) uma abertura à experimentação e um espaço de ampla diversidade cultural.
Nesta sexta edição, o festival homenageia o cineasta, professor e idealizador da Jornada Internacional de Cinema da Bahia, Guido Araújo, com a Mostra Clássicos do Real. Na programação, que conta com a presença do diretor, está a Trilogia do Recôncavo, formada pelos filmes “Maragogipinho” (Bahia, 1968, 22 min.), “Feira da Banana” (Bahia, 1974, 16 min.) e “A morte das velas do Recôncavo” (Bahia, 1975, 23 min.).
A abertura do VI CachoeiraDoc fica por conta dos documentários “Retomada” (Bahia, 2015, 19 min.) e “Tupinambá – O Retorno da Terra” (Rio de Janeiro, 2015, 25 min.), ambos sobre o processo de demarcação e retomada da Terra Indígena Tupinambá, garantindo os direitos de índios e não índios. A programação conta também com a Mostra Cinema na Real, uma parceria com escolas públicas de Cachoeira e São Felix, que exibe cinco curtas sobre a relação de crianças e seu cotidiano em diferentes lugares do Brasil; e a Sessão Cineclube Mário Gusmão, que levará a bairros não centrais de Cachoeira os documentários “Sem pena” (São Paulo, 2014, 87 min.), de Eugênio Puppo, e “Campo de jogo” (Rio de Janeiro, 2014, 71 min.), de Eryk Rocha.
Entre as apresentações musicais estão o tradicional Samba de Roda de Dona Dalva, na abertura do CachoeiraDoc, o cantor e compositor Giovani Cidreira, a Orquestra de Reggae de Cachoeira, Edbrass Brasil, no projeto Quartas Experimentais, o coletivo Na Tora Baile System e a banda I.F.Á, que encerra a sexta edição do festival.
A programação completa já está disponível no site do VI CachoeiraDoc.
Conferências e oficinas gratuitas
O VI CachoeiraDoc vai realizar também, nos dias 3 e 4 de setembro, o “Ciclo de conferências: o cinema e os desafios do real”, com as mesas “Cinema, universidade e saberes tradicionais”, com César Guimarães, professor e editor da revista Devires – Cinema e Humanidades, “Figuras da história e da memória: inventariando o cinema brasileiro”, com as professoras e pesquisadoras Cláudia Mesquita e Roberta Veiga, e “Métodos e processos de formação: as oficinas nas periferias, comunidades tradicionais e territórios indígenas”, com a pesquisadora Glaura Cardoso Vale.
O festival terá ainda o curso “Documentário Urgente”, ministrado pelo documentarista Ernesto de Carvalho, integrante do Movimento #OcupeEstelita e Vídeo nas Aldeias, e as oficinas “Criticar o documentário”, com o pesquisador e crítico de cinema Victor Guimarães, e “Webdocumentário”, com jovens pesquisadores em cinema da UFRB Flora Braga e Ulisses Arthur.
Sobre o festival
O CachoeiraDoc busca fomentar a difusão e a produção de documentários, assim como a discussão sobre o gênero, por meio de oficinas, debates, ciclo de conferências e exibição de filmes. Nas cinco edições anteriores, cerca de 12 mil pessoas assistiram a mais de 175 documentários, muitos deles inéditos na Bahia e Brasil. Na Mostra Competitiva Nacional, ao todo, foram inscritos mais de 1,1 mil filmes de todas as regiões do país.
O festival é uma realização da Ritos Produções e do Grupo de Estudos e Práticas do Documentário, do Curso de Cinema e Audiovisual da UFRB e conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia desde a sua primeira edição, em 2010.