Professores, estudantes, gestores e profissionais de saúde e da assistência social estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira (25), em Santo Antônio de Jesus, para debater as políticas públicas voltadas à questão das drogas. O “II Fórum de Políticas Públicas e Atenção Integral aos Usuários de Drogas: Desafios e Perspectivas”, promovido pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), por meio do Centro Regional de Referência para a Educação Permanente em Crack, Álcool e Outras Drogas (CRR), foi aberto a toda a comunidade e contou com mais de 400 inscritos da Bahia e outros Estados do nordeste.
O reitor da UFRB Paulo Gabriel Nacif fez a abertura do evento. Ele elogiou a iniciativa do CRR em promover um dos maiores encontros sobre drogas na região do Recôncavo e ressaltou a necessidade de não simplificar o tema. “Esse é um tema caro, porque custa caro aos cofres públicos e porque implica a todos nós”, disse, em seguida, o professor João Mendes, coordenador do CRR. Ele lembrou dados do último levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), no ano de 2010, em que mais de 80% dos entrevistados relataram já terem feito uso de drogas lícitas, a exemplo de bebidas alcoólicas.
Para a secretária de Saúde de Santo Antônio de Jesus, Deise Barbosa, iniciativas como o CRR são importantes porque o serviço público de saúde, muitas vezes, não está preparado para atender os usuários excessivos. “São pessoas que demandam atenção, cuidados de saúde”, disse, para logo acrescentar: “a questão das drogas é um grande desafio, precisamos envolver todos os segmentos da sociedade no debate”. Nesse sentido, o diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRB, Luiz Favero, acredita que a efetiva participação da população no evento já é uma prova do interesse coletivo na discussão do tema.
Experiências em debate – Compartilharam suas experiências durante o Fórum o coordenador do Consultório de Rua de São Bernardo do Campo (SP), Davi Abdo; a assistente social Karlene Sampaio, da Rede Municipal de Saúde Mental, Álcool e outras drogas de Aracaju (SE); e o representante da Rede de Saúde Mental Ad de Recife (PE), Paulo José Pessoa. Entre os pontos que foram debatidos durante a mesa-redonda, os entraves na articulação entre os atores da rede de atenção ao usuário e a necessidade de qualificar os profissionais atuantes nessa rede.
“Essa rede não existe a priori, é uma rede viva, em constante movimento e articulação”, disse Pessoa. Também Karlene defendeu a articulação como parte fundamental na atuação da rede de apoio ao usuário. “Esse trabalho só existe em diálogo com as instituições, gestores e universidades”, enumerou. Já nas palavras de Abdo, é preciso ir formando uma espécie de trama e superando os obstáculos. “Existe uma estigmatização e preconceito de quem está sendo atendido pela rede, por isso é tão importante o acolhimento. Ninguém está usando droga para ser infeliz”, afirmou.
Direitos Humanos e Cidadania – Na segunda mesa-redonda do Fórum, os participantes trouxeram ao debate as estratégias de enfrentamento às drogas, na visão dos movimentos sociais e do poder público. Para Eduardo dos Santos, da coordenação da Frente Estadual de Drogas e Direitos Humanos, a política pública sobre as drogas precisa ser radicalmente alterada. “Nós do movimento social nos preocupamos de que lugar se está falando sobre as drogas. Defendemos que os usuários precisam ser ouvidos e se fazerem visíveis”, disse.
A diretora de Prevenção e Tratamento aos Usuários de Drogas, representando a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia (SJDH), Simone Lima, falou sobre as ações do Governo em relação às drogas, entre elas anunciou o lançamento em maio do Guia Intersetorial da Rede Ad Local, com orientações para o encaminhamento dos usuários. O Fórum foi encerrado com a participação do secretário de Comunicação Social do Estado da Bahia, Robison Almeida, que apresentou o programa “Pacto pela Vida: desafios e horizontes”.