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Reitor da UFRB é entrevistado pela Revista Ensino Superior

22/08/07 14:02 , 13/01/16 15:26 | 1906
Revista Ensino Superior - Jornalista Juliana Duarte entrevista o Reitor da UFRB, Paulo Gabriel Nacif.

RES - Qual é a importância de um grande estabelecimento de ensino superior para o desenvolvimento de uma cidade?

Reitor UFRB - Vamos pensar numa região. Um estabelecimento de ensino superior, notadamente público, federal, estadual ou municipal, não pode abdicar de atuar, também, como uma agência de desenvolvimento regional. Mesmo sem explicitar, a IES assume sempre, em algum grau, o conceito de “região de aprendizagem” e desse modo a região passa a ter disponível uma série de informações e uma dinâmica de discussão dos seus problemas que influencia, sempre, positivamente o capital social. Essa influência sempre existe, mas quanto mais incorporada na missão da IES, melhores são os resultados. Tudo isso sem perder a noção de universalidade que está na própria origem do estabelecimento.

 

RES - O Sr. acredita que a UFRB atende às demandas locais?

Reitor UFRB - A demanda mais imediata de vagas pelo ensino superior já tem um significado imenso. Passamos de um oferecimento de 120 vagas no ano de  2004 para 1420 vagas em 2008. No entanto as demandas da região são imensas, até por que foi a população local que sonhou e se mobilizou por esta instituição, por acreditar que as funções de ensino, extensão e pesquisa de uma universidade são estratégicas para o desenvolvimento regional. Estamos numa fase de diálogo forte com a comunidade e temos certeza que ela entende que cada vez mais nos aproximaremos dela nas diversas dimensões possíveis.  

 

RES- O sr. acredita que a interiorização do ensino acompanha as fronteiras agrícolas do Brasil?

Reitor UFRB - Talvez essa lógica exista do ponto de vista do ensino privado. Mas só nos últimos cinco anos passamos a ter um programa consistente de interiorização do ensino superior federal e assim regiões tradicionais como o Recôncavo da Bahia,  a Amazônia ou o semi-árido nordestino ganharam unidades federais. Neste caso a lógica parece se basear em aspectos para além da questão econômica.

 

RES- O que a UFRB contribuiu para a região durante sua existência?

Reitor UFRB- Somos herdeiros de uma instituição – a Escola de Agronomia – que data de 1877 e nesse caso, tivemos um grande papel no desenvolvimento da pesquisa agrícola na região e no Brasil.  A partir da efetivação da UFRB em 2005, e o seu funcionamento em 2006, passamos a pensar nas diversas dimensões culturais da sociedade de forma mais efetiva e seguramente logo teremos uma boa lista de contribuições para o Recôncavo e para a Bahia.

 

RES- Sobre o Projeto de Expansão da educação Superior do Governo Federal, qual é a sua opinião?  

Reitor UFRB - Ele é tão óbvio e estratégico para o País que é difícil entender as críticas ao processo e por que demorou tanto a acontecer. Considero que ele cria  as condições efetivas para o tão sonhado desenvolvimento sustentável do Brasil e corrige distorções perversas: porque um jovem que nasceu em Pernambuco deveria ter mais condições de estudar numa universidade federal do que um jovem baiano? Por que o Rio Grande do Sul merecia ter 04 universidades federais e o Paraná apenas 01? Isso fere profundamente o Pacto Federativo. Não entendo como as elites políticas brasileiras deixaram coisas absurdas como essas acontecerem. É evidente que passamos por dificuldades no processo de implantação de novas instituições, mas elas decorrem muito mais da imensa burocracia do Estado brasileiro. O Governo Federal tem cumprido o que foi pactuado e, na outra ponta, nós, nas novas universidades, temos trabalhado fortemente para cumprirmos a nossa parte no processo.

 

 RES- A descentralização do ensino superior contribui para a diminuição do desemprego?
Reitor UFRB - Ela será fundamental para a atração de indústrias e serviços par ao interior. Aumentará a nossa capacidade de competição internacional pela melhoria sistêmica da formação educacional da nossa população. Prefiro não falar em influencia de curto prazo. No que diz respeito a médio e longo prazo é uma medida fundamental para o crescimento e desenvolvimento sustentável do Brasil.  


RES- Se a UFRB aproveita as características locais (fauna e flora) para as aulas? Qual é a importância disso?

Reitor UFRB -  Temos estimulado isso. Neste aspecto, sem perder a noção de universalidade, o Recôncavo será assumido como “região de aprendizagem”, buscando-se ações sinérgicas entre a universidade e o referido território, de modo que ela contribua para a  constituição de competências regionais. Isto acontecerá via uma desafiadora e contínua dinamização das atividades de ensino, pesquisa e extensão, buscando-se que o processo de aprendizagem se espraie e seja praticado em todos os setores da sociedade regional.  Deste modo, a universidade estará buscando elementos que a introduzam, regionalmente, como uma relevante fonte de saber que ligará o Recôncavo aos processos sócio-econômicos e culturais em curso em todo o mundo.
O Recôncavo da Bahia constitui-se num território cuja construção histórica, social, econômica e cultural data do início da colonização brasileira, tendo uma delimitação regional bem definida. Deste modo em uma pequena área (cerca de 15.000 km2), menor do que muitos municípios brasileiros, tem-se uma densidade demográfica de 62 hab/km2, quase três vezes maior do que o valor  médio do estado. Os sub-espaços sócio-ambientais desta região apresentam importantes especificidades. Por exemplo, neste território, na área denominada do Recôncavo Sul, com uma extensão não superior a 2.000 km2 e distâncias não superiores a 100 km, encontram-se núcleos significativos em termos históricos e culturais como Cachoeira, São Felix, Santo Amaro, Nazaré das Farinhas e São Franscisco do Conde; e múltiplos ambientes como o Rio Paraguassú e o Lago artificial de Pedra do Cavalo (186,2 km2), de usos múltiplos, a área dos ecossistemas costeiros de Maragojipe, Nazaré, Jaguaripe e Valença,  a área norte do Corredor Ecológico Central da Mata Atlântica, a Serra da Jibóia, a Baía de Todos os Santos e suas ilhas e o ambiente semi-árido. Todo esse território apresenta uma excelente infra-estrutura urbana, de transportes e comunicações.
Tais aspectos permitem a estruturação de uma universidade multicampi, baseada nas especificidades desses sub-espaços, com centros de estudos nas diversas áreas do conhecimento,  que explorem as culturas locais, os aspectos específicos e essenciais da sua organização social e do meio ambiente. Deve-se ressaltar que a forte definição do Recôncavo, cujo todo resulta da interação das especificidades dos seus sub-espaços é por si só, um forte vetor contra o isolamento dos diferentes campi a serem implantados.
A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia ocupará uma posição fundamental nessa dinâmica, empreendendo processos de inovação tecnológica, de produção e difusão da ciência e da cultura, além de ocupar lugar estratégico e redefinidor da matriz de desenvolvimento sócio-econômico e cultural da região em foco.

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