Nudoc promove exposição sobre "Feira livre"
Para além da noção de uso de um espaço delimitado da cidade, as feiras livres se constituem como lugares múltiplos de criação de modos de vida e de intercâmbios, sejam eles comerciais ou interpessoais. Deste ponto de vista, a feira livre se configura como um lugar de muitas peculiaridades, repleto de sensações que se interagem no contexto urbano e social. A feira livre possui um significado tão especial que já se encontra arraigada no imaginário popular. Como se costuma dizer, “fazer feira” é uma atividade que está muito presente no trabalho do artista plástico Carlos Costa, na medida em que sua obra evidencia o cotidiano de uma prática específica e geometricamente reproduzida em suas pinturas, por meio da aplicação vibrante de suas cores, traços e movimentos.
Natural da região, Carlos Costa expressa em seus quadros um importante patrimônio cultural do recôncavo, através de seu olhar poético, multicolorido e de planos modulados. Lugar de compras, vendas, encontros, sabores, cheiros, causos, da pechincha e das artimanhas, a feira livre está representada em suas obras no fazer e viver dos mais diversos grupos sociais, que constituem a cultura local. Em seu universo pictórico, vale lembrar que este artista já representou igualmente canaviais, marinhas e arquiteturas coloniais. Inspirado no cotidiano simples, ele interpreta o colorido, a temperatura, a sensibilidade de um ambiente, tornando-o cintilante nas suas telas pintadas em acrílico.
Na presente exposição, Carlos Costa nos convida a refletir sobre a produção dos sentidos no espaço urbano, e nos faz pensar também sobre as sensações experimentadas pelos visitantes da feira livre, em suas diferentes formas e localidades. Sob o olhar deste artista, a feira livre adquire significados espaciais inusitados, interpretando o dia a dia na cidade em uma de suas formas mais frequentes de sociabilidade.