Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Início do conteúdo da página

Dica de filme: A Onda (Die Welle)

Publicado: Sexta, 18 Janeiro 2013 09:10

O filme alemão A Onda mostra como um experimento de classe constituiu uma verdadeira ditadura fascista e discute o quão longe o regime de Hitler realmente está dos nossos dias.

O experimento foi  elaborado por Ron Jones, um professor de história da Escola Secundária Cubberley, de Palo Alto, Califórnia, no ano de 1967.

Incapaz de responder aos questionamentos de seus alunos sobre como o povo alemão teria sido capaz de apoiar as atrocidades nazistas, Jones decidiu realizar um experimento sociológico. No período de uma semana, transformou sua classe de 30 alunos em um verdadeiro movimento fascista, com direito a uniforme, saudação e parafernália ideológica. Começando com simples exercícios de como sentar-se apropriadamente nas carteiras, Jones passou a impor-se como uma figura autoritária em sala de aula. Os mais altos valores por ele defendidos passaram a ser comunidade, força e, sobretudo, disciplina.

Em menos de três dias não apenas percebeu um aumento da eficiência de sua turma, como o número de presentes ampliou-se, mostrando que muitos jovens estavam interessados em ingressar no mundo de proximidade familiar que ele havia criado. O nome escolhido pelo professor para batizar o grupo de jovens: a Terceira Onda, numa referência à crença mítica de que a terceira onda de uma maré é sempre a mais forte. Ao chegar quinta-feira, Jones percebeu que o experimento parecia estar saindo ao controle, com jovens apresentando-lhe denúncias uns contra os outros, pelo fato de acreditarem que certos colegas não estariam seguindo com dedicação suficiente os preceitos da Onda. O professor anunciou então que todos fariam um comício no dia seguinte, afirmando que eles eram apenas uma pequena parte de um movimento de amplitude nacional, que já teria inclusive um candidato à presidência, o qual faria um discurso em cadeia de televisão. Na sexta-feira, enquanto os militantes juvenis aguardavam um sinal de transmissão que jamais viria, Jones revelou-lhes que todos haviam participado de uma experiência sobre como o fascismo poderia triunfar no seio de uma sociedade.

O sinistro episódio sugeria não apenas que os jovens estariam mais sujeitos a estar sob a influência dos ideais fascistas, por conta das angústias que determinam esta fase do processo de amadurecimento, mas também que um simples conjunto de crenças políticas, centrado nos pressupostos de “comunidade” e “disciplina”, poderia ser capaz de conquistar o apoio popular. Em 1981, foram lançados um romance e um filme feito para a TV, intitulados A Onda, que descreviam de forma relativamente fidedigna os eventos ocorridos no colégio de Palo Alto. E 27 anos depois, coube ao cinema alemão, de forma catártica, desenterrar os pesadelos de seu passado, produzindo um remake da história.

Em A Onda (2008), filme de roteiro simples e excelente valor de produção - remake de um filme de 1981, dirigido por Alexander Grasshoff -, somos apresentados a o que seria um típico colégio alemão do início do século XXI. Os alunos aderem à moda do hip hop, escutam rappers norte-americanos e dividem o lazer entre atividades esportivas, festas e jogos de videogame, sendo retratados de maneira idêntica àquela de outras produções cinematográficas mundo afora. A alguns falta uma perspectiva de vida, a outros estabilidade (seja por motivos econômicos ou familiares) e todos são flagelados pelas agonias e dilemas que definem a transição da infância para a vida adulta. Na semana marcada para a realização de workshops em ciência política, caberá ao carismático e rebelde professor Rainer Wenger, interpretado por Jürgen Vogel, liderar o grupo de trabalho sobre “Autocracia”, termo moderado, que visaria não machucar as sensibilidades dos expectadores com palavras tão conhecidas como Fascismo ou Nacional-Socialismo. Wenger, longe de representar o clichê do professor conservador, de colete de lã e terno, surge na tela vestindo uma jaqueta de couro e dirigindo seu carro ao som de Rock’Roll Highschool, da banda Ramones. Logo nos primeiros minutos da película vemos a resistência de Wenger em assumir o comando da classe, estando muito mais interessado na turma de “Anarquismo”, inclusive por suas experiências no bairro de Kreuzberg, histórico reduto da militância de esquerda em Berlim.

Após uma série de reprimendas, resta ao desenvolto professor assumir seu lugar á frente da classe de “Autocracia”. Daí em diante todos os eventos ocorrem de forma muito parecida com aquela da experiência de 1967.

Acompanhe os efeitos da Onda sobre diversos estudantes.

 

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/cine-historia/a-onda-fascista

registrado em:
Fim do conteúdo da página