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CELEBRANDO A LITERATURA FEMININA

Celebrando a Literatura Feminina: Eliane Potiguara - Guardiã das Tradições Indígenas

À medida que nos aproximamos do Dia Internacional da Mulher, é imperativo reconhecer e honrar as vozes que, por muito tempo, foram marginalizadas e silenciadas na literatura brasileira. Neste mês de celebração, voltamos nossa atenção para as escritoras indígenas e pretas do Brasil, cujas narrativas poderosas e perspectivas únicas têm enriquecido e transformado o panorama literário nacional. Essas autoras têm desafiado fronteiras, desconstruído estereótipos e oferecido uma visão mais ampla e inclusiva da experiência feminina em nossa sociedade.

Eliane Potiguara - Guardiã das Tradições Indígenas

Potiguara BibliotecaEliane Potiguara é uma escritora, poeta, professora, empreendedora social e ativista indígena que tem dedicado sua vida à preservação e promoção da cultura e dos direitos dos povos originários do Brasil. Como autora de livros como "Mulheres da Terra: Mitos, Rituais e Histórias Indígenas" e "O Direito de Ser Índio", Potiguara oferece uma visão única da cosmovisão indígena, destacando a importância da ancestralidade, da conexão com a terra e da luta pela justiça social.

Eliane é uma mulher indígena da etnia Potiguara, originária do estado da Paraíba, no nordeste do Brasil. Nasceu no Rio de Janeiro, pois seus antepassados tiveram que migrar das terras tradicionais da etnia Potiguara para o Rio de Janeiro, por conta das invasões de terra. Iniciou a exercitar a escrita ainda na infância, redigindo cartas a pedido de sua avó Maria de Lourdes, para que a família mantivessem os vínculos com os parentes paraibanos e não se afastasse das tradições de seu povo. A avó, referência de luta e ancestralidade, é figura central na produção literária da escritora e na aguerrida atuação que ela encampa pelos direitos, sobretudo, das mulheres indígenas.

Concluiu a graduação e a licenciatura em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi professora por quase 20 anos na rede municipal.

Potiguara foi nomeada uma das “Dez Mulheres do Ano de 1988”, pelo Conselho das Mulheres do Brasil, por ter criado a primeira organização de mulheres indígenas no Brasil: GRUMIN (Grupo Mulher-Educação Indígena), e por ter trabalhado pela Educação e integração da mulher indígena no processo social, político e econômico no país e trabalhado na elaboração da Constituição Brasileira.

Considerada a primeira escritora indigena do Brasil com o lançamento do livro-cartilha "A terra é a mãe do índio", foi nomeada Embaixadora universal da paz em Genebra em 2011 (Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix – Genebra – SUÍÇA), recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural do Brasil pelo Ministério da Cultura entregue em mãos pela Presidência da República, sendo uma honraria concedida em reconhecimento ao seu significativo e contínuo contributo para a cultura brasileira. Também recebeu em dezembro de 2021 o título de doutora “honoris causa”, do Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

O seu livro “Metade Cara, Metade Máscara” escrito em 2004, é muito mais do que uma simples narrativa; é um mergulho profundo na identidade, cultura e luta dos povos indígenas do país. O livro tem sido uma fonte de inspiração e referência para dezenas de mestrandos e graduandos em suas pesquisas acadêmicas. O fato de ter sido incluído nos Anais de Mostra Científica do 26º Congresso Nacional de Pós-Graduandos atesta o impacto significativo que o livro teve no meio acadêmico, demonstrando seu papel como uma fonte valiosa de reflexão e análise em diversos campos do conhecimento. Esse reconhecimento só reforça a importância da obra de Eliane Potiguara como um ponto de partida para discussões e pesquisas sobre questões fundamentais da sociedade brasileira, como identidade, diversidade cultural e justiça social. Em 2018 seu livro foi adotado pelo Projeto ”Mulheres Inspiradoras”.

Eliane Potiguara é muito mais do que uma escritora talentosa; ela é uma voz poderosa que tem dedicado sua vida à promoção da justiça social, da preservação cultural e da igualdade de direitos para os povos indígenas do Brasil. Sua jornada inspiradora e suas contribuições significativas para a literatura e o ativismo deixam um impacto duradouro, lembrando-nos da importância de ouvir e valorizar as vozes indígenas em nossa sociedade.

Frases marcantes de Eliane Potiguara

"Estar em estado de liberdade é estar em estado de existência na paz, mas só se consegue esse estágio quando a luz interna está acesa, límpida e conectada com a verdade, sabedoria, compromisso, tolerância e respeito ao próximo."

"Mulheres! Não percamos nossas almas! A criação é o nosso poder: Escreva, dance, componha, plante, ame, ore, estude, pinte, cozinhe, capine, palestre, espiritualize-se, defenda a Terra, cuide-se, cuide dos animais, crianças, velhos e velhas, acaricie o mundo, beije as cicatrizes do mundo, cultive relações, cultive os amigos, cultive a família, enfim, seja... Esteja presente! Seja luz!"

"A mulher que ouve a sua intuição, que percebe os seu sonhos, que ouve a voz interior das velhas e das mulheres guerreiras de sua ancestralidade e que possui o olhar suspeito dos desconfiados, essa sim, é uma ameaça ao predador natural da história e da cultura."

Obras literárias

A terra é a mãe do índio (1989)

AKAJUTIBIRÓ, Terra do índio Potiguara (1994)

Metade, cara, metade máscara (2004)

O Coco Que Guardava a Noite (2012)

O Pássaro encantado (2014)

A Cura da Terra (2015)

Assista ao depoimento de Eliane Potiguara gravado durante o evento Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas (setembro de 2016, em São Paulo/SP.)

 


 Fontes de Pesquisa

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